São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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BC fecha cerco contra crédito

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a carta-circular 2.511, o Banco Central (BC) fecha o cerco. Agora, não existem mais instrumentos para que os bancos burlem as medidas baixadas (criação de compulsórios) para reduzir a oferta de crédito ao setor privado. Antes, os bancos podiam, via operações de engenharia financeira, captar recursos sem emitir um CDB. Por isto, captavam sem ter de recolher o compulsório.
Os bancos faziam uma série de operações. Alugavam ouro, ações, títulos por um determinado período ou faziam um "box" na Bolsa de Valores.
O "box" na Bolsa foi utilizado, por exemplo, para que um banco repassasse caixa para uma empresa não-financeira do mesmo grupo. Esta empresa, que não está obrigada a seguir as regras do BC, poderia emprestar estes recursos a outras empresas –pelo prazo maior do que três meses e sem recolher o depósito compulsório. Era uma porta para burlar o compulsório.
Agora, o BC fechou esta porta. Com a 2.511 instituiu um compulsório sobre a carteira destas operações de engenharia financeira (as operações anteriormente realizadas) e estabeleceu em 100% o compulsório sobre as novas operações.
Na prática, isto significa que, agora, restou aos bancos somente duas formas de captar recursos: 1) vender títulos federais ao BC; 2) vender CDBs no mercado.
A primeira alternativa depende da política que será seguida pelo BC.
A segunda depende da pressão do setor privado (empresas e pessoas físicas) por crédito. Os bancos, afinal, só vão captar recursos se tiverem a quem repassá-los.
É por isto que, embora a medida retire liquidez do sistema bancário, não é certo o seu impacto sobre os juros. As taxas dos CDBs só vão subir se os bancos tiverem que aumentar sua captação.

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