São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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Falta apetite à equipe do Palmeiras, diz técnico

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

Falta apetite ao time do Palmeiras. Esse é o resumo da preleção-bronca que o treinador Wanderley Luxemburgo deu aos seus jogadores antes do treino de ontem pela manhã.
"A bola é o prato de comida, e o jogador tem que ter fome", disse em alta voz para os jogadores.
Sem economizar palavras ríspidas, Luxemburgo cobrou mais empenho e determinação nessa reta de chegada do Campeonato Brasileiro.
Ele não gostou da apatia do time no primeiro tempo contra o Bahia, que terminou sem gols. Jogando um pouco melhor, o Palmeiras liquidou a equipe baiana na segunda etapa.
Motivar o time se tornou assim um dos principais objetivos do treinador para as semifinais contra o Guarani, quinta e domingo.
Depois de conquistar três títulos importantes em dois anos (o bicampeonato paulista e o brasileiro de 93), a equipe pode estar encarando essa nova decisão sem a animação necessária.
Além disso, quase todos os titulares já se consagraram e conseguiram independência financeira.
"Só com experiência, com técnica, não se ganha um campeonato. O vencedor tem que ter fome de título", disse Luxemburgo, após o treino.
A motivação de funcionários (no caso, os jogadores) é uma das questões mais estudadas atualmente por especialistas em administração e produção.
A tese é que um funcionário motivado produz mais e melhor do que um empregado apático. A motivação é uma das coisas que distinguiriam um grupo vencedor.
Uma das funções do administrador de um grupo de trabalho (no caso, o técnico) é estimular a equipe, mantendo-a motivada.
Esse tipo de orientação faz parte do conceito de qualidade total, que começa a ganhar terreno no meio empresarial brasileiro.
O meia Zinho, tetracampeão com a seleção brasileira nos EUA, concorda com Luxemburgo.
"Pra chegar à final, o time tem que ter mais tesão, mais raça, mais vontade", afirmou ontem.
O treinador palmeirense criticou o regulamento do Brasileiro, responsabilizando-o pela queda de rendimento da equipe .
"Somos profissionais, mas é difícil ficar motivado quando você tem oito jogos que não valem nada", disse referindo-se ao returno da segunda fase, quando o Palmeiras já estava classificado.
Para Luxemburgo, quem se beneficiou com isso foi o Guarani e o Atlético-MG.
"Esses clubes disputaram vaga até o último momento, com disposição. Chegaram motivados para as quartas", afirmou.
Luxemburgo tem até quinta para aplicar uma injeção de ânimo nos jogadores palmeirenses, antes da primeira partida contra o motivadíssimo Guarani. (HuSa)

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