São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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Deputado acusa assessoria de Clinton

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O futuro presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Newt Gingrich, acusou "um quarto da equipe da Casa Branca de" ter usado drogas até dois ou três anos atrás.
A primeira-dama Hillary Clinton e o chefe da Casa Civil, Leon Panetta, retrucaram com ênfase às acusações do deputado Gingrich.
Hillary disse que elas são muito injustas: "Espero que se devam a um lapso momentâneo. Eu não posso acreditar que estejamos trocando acusações desse tipo quando há tanto para se fazer neste país".
Panetta afirmou que Gingrich "precisa parar de se comportar como um radialista descontrolado. Ninguém usa drogas na Casa Branca. Se ele tiver provas em contrário, dê-me o nome dos culpados para eu demiti-los".
Os comentários de Gingrich foram feitos anteontem, durante entrevista em um programa na rede de televisão NBC, quando respondeu por que insiste em chamar o casal Clinton de "representantes da contracultura".
Ele disse ter obtido a informação de agentes da polícia federal (FBI) encarregados de investigar altos funcionários do governo.
Gingrich, 51, foi escolhido ontem por unanimidade líder da bancada do Partido Republicano na Câmara. Em janeiro, será eleito, sem oposição, presidente da Câmara, segundo na linha de sucessão presidencial.
Representante do sexto distrito eleitoral do Estado da Geórgia, sul do país, desde 1978, Gingrich era o vice-líder dos republicanos. Substitui a George Mitchell, 71, que resolveu se aposentar.
Dono de uma das retóricas mais exaltadas do Congresso, Gingrich pertence à ala ultraconservadora do partido. Logo após a eleição de novembro, ele prometeu moderar o linguajar devido às novas responsabilidades que teria.
Na sexta-feira à noite, ele e o líder republicano no Senado, Bob Dole, se reuniram durante três horas com o presidente Clinton na Casa Branca. À saída, se disse animado com as chances de entendimento com Clinton.
Seus destemperos verbais, no entanto, podem complicar a relação entre os poderes Legislativo e Executivo nos próximos anos.
Clinton não tem respondido aos ataques de seus opositores. Mas sua mulher e seus assessores mais próximos, sim.
Em novembro, o futuro presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Jesse Helms, disse que Clinton não tem qualificações para ser comandante-em-chefe das Forças Armadas.
Dias depois, Helms aconselhou Clinton a levar um guarda-costas consigo se fosse visitar bases militares na Carolina do Norte, Estado representado por ele no Senado.

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