São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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Justiça anuncia hoje sentença de brasileiro

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

A Justiça Federal argentina anuncia hoje a sentença do paulista Wilson Roberto dos Santos, 39.
Ele está detido desde o último dia 19 por causa de depoimentos contraditórios sobre o atentado à sede da Amia (Associação Mutual Israelita Argentina), ocorrido no dia 18 de julho.
Se depender do juiz federal Juan José Galeano, responsável pelo inquérito da explosão que matou 96 pessoas, Santos poderá ser condenado por falso testemunho.
Até agora, Galeano não conseguiu avançar nas investigações. A detenção e uma eventual condenação de Santos teriam como objetivo tentar amenizar os ataques sofridos por Galeano pela imprensa e comunidade judaica, analisam membros da Corte Suprema.
Num primeiro depoimento, em 12 de novembro, Santos afirmou que sabia com antecedência que iria ocorrer um atentado terrorista a entidades judaicas em Buenos Aires. Uma semana depois, negou tudo em outra declaração à Justiça.
Todos os interrogatórios foram realizados por Galeano, apesar de o caso estar oficialmente com o juiz Claudio Bonadio, do 11º Juizado Federal. A decisão final será de Galeano.
Bonadio disse à Folha que julgaria o caso de Santos na tarde de ontem, mas somente informaria o resultado na tarde de hoje.
Ele explicou que somente após Santos ter sido avisado oficialmente sobre a sentença judicial, o que deve ocorrer na manhã de hoje, ela será tornada pública.
Se for condenado, Santos passará por perícia psiquiátrica para avaliação da sua condição mental.
Se o resultado apontar que ele não tem condições de responder por seus atos, ele dificilmente será liberado imediatamente, mas deverá ser encaminhado a um hospital psiquiátrico.
A defensora pública Perla Martinez, indicada pela Justiça Federal para acompanhar o caso Santos, disse ontem que entrou com recurso para reduzir a fiança de US$ 2.500, fixada por Bonadio. O recurso ainda não foi julgado.
Martinez afirma que não foi procurada até agora por nenhum familiar de Santos ou pelo consulado brasileiro em Buenos Aires.
A Folha não conseguiu localizar o cônsul-adjunto, Luiz Francisco Braconnot. De acordo com sua secretária Sílvia, ele não iria ontem ao consulado.

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