São Paulo, quinta-feira, 8 de dezembro de 1994
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Caderneta perde US$ 4 bi desde agosto

DA SUCURSAL DO RIO

A caderneta de poupança perdeu cerca de US$ 4 bilhões em depósitos entre agosto e novembro. A informação é da Abecip (Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança).
A estimativa era de que, em dezembro, houvesse uma recuperação entre 1,5% e 2% (entre R$ 300 milhões e R$ 700 milhões) por causa do 13º salário. Mas o cálculo já foi refeito.
O presidente da Abecip, João Batista Gatti, diz que o resultado será pior devido ao juro do mercado financeiro. Ele acha que, desde outubro, o consumidor prefere tirar da poupança o dinheiro para suas compras em vez de fazer um crediário com juros altos.
Gatti diz que entre maio e julho a poupança cresceu US$ 7 bilhões, graças à migração de investimentos em CDBs, fundos de commodities e de renda fixa. De agosto em diante, a poupança perdeu captação para as mesmas aplicações.
Mesmo afirmando ser favorável à desindexação da economia, Gatti diz ser contra a idéia do governo de ter taxas diferenciadas para a poupança de banco para banco.
Para ele, isto inviabilizaria uma grande parte das poupanças de baixo valor (90% das poupanças têm saldos até R$ 750). Ele defende "uma taxa média, única e universal" para a poupança.
Gatti disse ainda que o governo está preparando uma Medida Provisória para transformar a dívida com o FCVS (Fundo de Compensação de Variação Salarial) em um título que possa ser usado nos leilões de privatização.
Segundo a Abecip, o total da dívida é de US$ 23,4 bilhões, dos quais US$ 9,9 bilhões já vencidas. O FCVS foi criado para cobrir a diferença entre o pagamento da prestação por parte do mutuário e o valor real do financiamento.
O principal problema desta solução é o que fazer com os cerca de US$ 12,3 bilhões que pertencem ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Segundo Gatti, do total da dívida, US$ 4,9 bilhões são dos bancos privados e US$ 6,2 bilhões dos estaduais.
A solução estudada pelo governo é criar o FIT (Fundo de Investimento do Trabalhador), que funcionaria como um fundo de investimento comum.
A Abecip tem a expectativa de que a MP seja aprovada ainda em dezembro e que no primeiro semestre de 1995, já se promova a securitização desta dívida.
Gatti diz que, se este cenário se realizar, o setor tem condições de investir US$ 3 bilhões na construção civil por ano, o que daria para construir 150 mil habitações.

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