São Paulo, quinta-feira, 8 de dezembro de 1994
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No maior gás

CARLOS SARLI

Sua mãe considera idéia fixa. Para ele, é pura determinação. Ainda se recuperando do acidente de snowboard que o deixou três meses de molho após duas cirurgias no braço –um dos quais continua imobilizado– Luiz Roberto 'Formiga' de Moraes, 31, já busca novos recordes e aventuras.
Durante dois dias na última semana, ele, o cinegrafista aéreo Luiz 'Sabiá' Antunes, Silvester Campe (cinegrafista da Globo) e a família Hain, composta pelo pai Salvator e o filho Sacha, 19 (campeão brasileiro de balonismo), decolaram a partir do Centro Nacional de Pára-quedismo de Boituva. Objetivo: realizar o primeiro salto de skysurfe de balão no mundo, colher imagens para o programa 'Fantástico' e bater o recorde sul-americano de salto de balão, a 11.500 pés de altura.
Sexta-feira, dia 2, 5h da manhã. A equipe começa a inflar o balão, preparar equipamentos e simular em terra o momento crítico do projeto, o "drop".
A maior dificuldade na saída é ter o controle aerodinâmico e a estabilidade durante a aceleração de 0 a 200 km/h, que não leva mais de oito segundos. Uma prancha de snowboard com cerca de 1,5 m é utilizada para surfar no céu.
Qualquer vacilo pode transformar a prancha numa hélice presa aos pés do surfista. Caso isso aconteça, a perda de sentidos pode ser uma questão de segundos. Um dispositivo chamado desconector fica posicionado na coxa e, ao ser acionado, solta a prancha dos pés do atleta e invalida o salto. Apesar desse recurso, segundo Formiga, "na hora do sufoco você tem que ter concentração e atitude para olhar, pegar e puxar o desconector, o que realmente não é uma tarefa nada simples quando em situações de 'G' negativo". Traduzindo: caindo de cambalhotas a 200 km/h e procurando a maldita cordinha que pode ser a sua salvação, mas que também pode fazer a prancha arrebentar a cabeça.
'Sabiá', com mais de 2.000 saltos, considera que o Formiga não é referência para o esporte. Com apenas 40 saltos com pranchas, ele já é um expert. Foi o mais precoce pára-quedista a iniciar nesta modalidade já no seu 38º salto.
Suas experiências anteriores no skate, surfe, vôo livre e snowboard contribuíram decisivamente. Além de manobras como vôos invertidos, loopings e helicópteros.
Daí pra frente é esperar o pouso, quando a prancha poderá ser utilizada para deslizar na terra. Segundo a equipe, o salto foi 100% positivo. Missão cumprida.

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