São Paulo, sexta-feira, 9 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresários temem que Exército afaste turista

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Os empresários do turismo do Rio de Janeiro temem que a operação militar na cidade afaste o turista estrangeiro durante a temporada de verão.
O maior temor dos empresários é que as imagens de tanques nas ruas do Rio provoquem nos estrangeiros a idéia de uma guerra civil ou um golpe militar.
A Operação Rio foi firmada por um convênio entre os governos estadual e federal previsto para durar até 30 de dezembro. Esta semana, ficou definido que a operação se estenderá pelo mês de janeiro.
Ontem, representantes de várias associações e empresas da indústria de turismo ofereceram um almoço ao governador eleito do Estado, Marcello Alencar (PSDB).
Alencar disse que a segurança é sua prioridade para incentivar o turismo e disse que apoia a ação militar "até quando ela for necessária para combater a criminalidade".
Já o presidente da Associação de Hotéis de Turismo, Álvaro Bezerra de Mello, disse que considerava "de bom efeito psicológico" o anúncio da prorrogação da operação apenas em janeiro. "Mas acho que a ação militar vai continuar este semestre inteiro."
Mesmo com um aumento de 51% nas vendas, segundo pesquisa da Abav-RJ (Associação Brasileira de Agentes de Viagem), os empresários afirmam que a operação militar é uma "faca de dois gumes".
"Apoiamos a operação, sem dúvida. Achamos que ela até atrai o turista brasileiro, mas tememos que afaste o turista estrangeiro", disse Bezerra de Melo.
Segundo o empresário, só no grupo Othon, do qual é diretor, houve um cancelamento de 220 reservas depois do fim-de-semana em que o Exército ocupou a Mangueira e o morro do Dendê.
"Quem vê no 'New York Times' que os tanques estão nas ruas do Rio não vem fazer turismo aqui. Somos a favor da operação, mas tememos que ela seja mal-interpretada lá fora", afirmou.
Para o turista brasileiro, o efeito é outro, explica Bezerra de Melo. "Ele vê nos jornais e na televisão menos notícias de violência no Rio e se sente seguro para vir para cá", afirmou.
O presidente da Abav-RJ (Associação Brasileira das Agências de Viagem), Antônio Carlos Neves, disse que a maior preocupação do setor é explicar para as agências estrangeiras o que é a Operação Rio, para evitar a imagem de uma "guerra civil".
Uma pesquisa realizada pela Abav entre empresários da indústria hoteleira e agentes de viagem revelou 85% de apoio à entrada das Forças Armadas no policiamento. Neves disse que "é cedo" para avaliar os efeitos da Operação Rio sobre a temporada de férias. "É uma faca de dois gumes."

Texto Anterior: Roubo de carros diminui 18,5%
Próximo Texto: Banhista é morto por golfinho em SP
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.