São Paulo, sexta-feira, 9 de dezembro de 1994
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Morre o fundador do Museu do Bixiga

RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 18/12/94

Nesta foto, Armando Puglisi aparece se servindo de comida, e não assistindo um jogo de futebol, conforme afirma a legenda.
Morreu em São Paulo na madrugada de ontem Armando Puglisi, 63, conhecido como Armandinho do Bixiga.
Ele foi o fundador, em 1982, do Museu de Memória do Bixiga, localizado na região central de SP.
Armandinho morreu devido a um câncer no pâncreas –glândula situada atrás do estômago, com funções ligadas à digestão e outros processos metabólicos.
Segundo parentes e amigos, ele teria tomado conhecimento da gravidade de sua doença em abril.
Nascido no Bixiga, torcedor fanático do Palmeiras e da seleção italiana, Armando Puglisi era casado com Maria Thomazia Puglisi, com quem teve uma filha, Maria Paula, 24.
Considerado por muitos especialistas um historiador autodidata, foi um dos principais organizadores das memórias da colonização italiana em São Paulo.
Coletou e restaurou milhares de documentos, fotos, quadros e até móveis de imigrantes italianos, que integram atualmente o acervo do museu.
Seu método era obter, através da família de moradores antigos do Bixiga recém-falecidos, todos os objetos que contassem a história da cidade.
Superbolo
Armandinho ficou conhecido nacionalmente em 1987, ano em que organizou a fabricação do então maior bolo do mundo, feito para comemorar o aniversário de São Paulo.
"Não vale a pena comemorar um aniversário tão importante apenas hasteando a bandeira e cantando o hino da cidade. O bolo é uma forma de trazer mais alegria e diversão", disse então, durante a festa.
O bolo tinha 300 metros de comprimento e dois de largura. Ele chegou a pedir o registro da façanha ao "Guiness Book - O Livro dos Recordes". Não conseguiu.
O criador do Museu de Memória do Bixiga também escreveu um livro de memórias, que poderá ser lançado até o próximo ano.
O corpo de Armandinho do Bixiga foi velado ontem na Câmara dos Vereadores.
Compareceram artistas, políticos e representantes de entidades assistenciais e de moradores.
Wagner Sugamele, 35, do Movimento de Revalorização do Cambuci, disse que a entidade pretende articular, junto a vereadores, formas de manter o museu em funcionamento.
Outra proposta do Movimento de Revalorização do Cambuci será o pedido de substituição do nome da rua onde fica o museu (dos Ingleses) por Armando Puglisi.
A entidade também procura um patrocinador para efetuar o lançamento do livro de memórias do criador do Museu de Memória do Bixiga.

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