São Paulo, sexta-feira, 9 de dezembro de 1994
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França reacende o mito Jeanne Moreau

ANDRÉ FONTENELLE
DE PARIS

A atriz Jeanne Moreau, 66, é tema de dois livros que acabam de aparecer nas livrarias francesas.
No primeiro, intitulado simplesmente "Jeanne Moreau", Jean-Claude Moireau faz uma retrospectiva da filmografia da atriz (editora Ramsay).
"Portrait d'une Femme" ("Retrato de uma Mulher"), de Michael Delmar (editora Norma), reúne fotos que lembram toda a carreira de Moreau.
"Não se trata de nostalgia. São todas as coisas feitas, as pessoas encontradas. É o reflexo de uma vida. É incrível. Eu achava que tinha feito poucas coisas na minha vida", diz a atriz francesa.
Além disso, foram lançados dois CDs –um deles com 46 músicas gravadas por ela ao longo dos anos e outro com músicas para crianças, ao lado do pianista Jean-Marc Luisada.
"Trabalhar com ela foi uma extraordinária lição de música", diz o pianista. Moreau devolve o elogio: "Fiquei impressionada por trabalhar com um grande concertista."
No CD, ela conta histórias de Babar, o elefante que é um dos personagens infantis mais famosos na França, e canta "Sports et Divertissements", do compositor francês Erik Satie (1866–1925).
"Babar foi mais difícil, mas fiz de conta que estava contando histórias para crianças que conheço", afirma. Satie é mais próximo dela. "Ele era meio louco, com uma obra toda especial."
Se não tivesse sido atriz, ela teria feito carreira na música. "Só estudei solfejo quando fazia parte do coral da escola. Adoraria ser instrumentista em outra vida. Só não sei qual seria o instrumento."
Recentemente, foi publicada na Grã-Bretanha uma biografia que não agradou a atriz. "É subjetivo, mas os contatos com a autora não foram muito harmoniosos. Mas não posso impedi-la de escrever."
Outra biografia está sendo escrita nos EUA. "Essa deve ser melhor", prevê.
Foi nos EUA que a atriz participou de seu filme mais recente, "Catarina da Rússia", em que ela faz o papel da imperatriz Isabel. "É uma mulher bastante lasciva e bastante autoritária", descreve.
Carreira
O primeiro grande êxito da carreira de Jeanne Moreau veio apenas aos 29 anos, em "Ascensor para o Cadafalso" (1957), de Louis Malle.
Era o primeiro longa-metragem de ficção de Malle, que lhe valeu o prêmio Louis-Delluc. No ano seguinte, os dois voltariam a trabalhar juntos em outro grande sucesso, "Os Amantes", que causou escândalo pelo tema ousado.
Desde então, a atriz tomou gosto pelo trabalho com diretores estreantes ou inovadores.
Isso a levou a outros trabalhos famosos, como "As Ligações Amorosas", de Roger Vadim (1959), "Uma Mulher para Dois" (Jules et Jim), de François Truffaut (1961), e "A Noite", de Michelangelo Antonioni (1960).
Em 1976, com "Lumière", Moreau estreou como diretora. Nos últimos anos, ela desempenhou papéis marcantes, mesmo como coadjuvante, em filmes como "Nikita", de Luc Besson.
Dona de uma das vozes mais marcantes do cinema, a atriz foi a narradora de "O Amante" (1992), de Jean-Jacques Annaud.

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