São Paulo, sábado, 10 de dezembro de 1994
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Brasileiro

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

E o país perde mais um Brasileiro. Um dos melhores, que fazia as pessoas perceberem o Brasil no mundo inteiro.
Este repórter não é nenhum especialista, mas conhece a sensação de ouvir Chet Baker tocando "Retrato em Preto e Branco".
A lembrança de tal versão pode parecer esnobe, mas é prova contundente de que a música do maestro não reconhecia as fronteiras do mundo anglo-saxão, tão difíceis de serem superadas por um povo que fala português num país de Terceiro Mundo.
Falar que Ayrton Senna fez o mesmo seria descabido. A glória do tricampeão era outra e, por isso mesmo, sua ausência foi lamentada de forma diferente.
Senna morreu ao vivo e o país parou. Com algumas exceções, ontem todos mantiveram suas rotinas. Quem percebeu o que aconteceu, chorou. Mas a maioria apenas lamentou.
Nunca haverá piloto como Senna, assim como nunca haverá outro Jobim nem outra bossa nova. Mas, nas pistas, ainda existe a esperança do novo talento, de que Barrichello e Christian façam as pessoas acordarem mais cedo no domingo.
Como disse Ruy Castro, ontem nesta Folha, vai ser difícil inventar outro Brasileiro igual.
A FIA anunciou ontem o calendário definitivo da F-1 em 1995. Mas mesmo sendo decisão final, o GP da Argentina ainda está por ser confirmado após inspeção final marcada para o dia 22 de janeiro.
Nurburgring venceu o duelo pelo GP da Europa em 8 de outubro. No páreo ainda estavam Jerez de La Frontera e Donington. A escolha do circuito alemão, que celebrou sua última corrida de F-1 em 85, parece adequada aos interesses da entidade.
Afinal, Schumacher é campeão e seus fãs lotam arquibancadas. Sucesso garantido.
Os circuitos de Interlagos, Monza e San Marino também sofrerão inspeção dos comissários. E a coisa já chegou ao ponto da FIA estar estudando as pistas através do computador.
Onze pistas já sofreram mudanças indicadas pela máquina, que aponta as zonas de maior perigo e onde se alcança as maiores velocidades, além dos pontos onde a força gravitacional é menor.
Inteligente, não? E por que não fizeram isso antes?
Para terminar, nos critérios de distribuição das superlicenças serão incluídos os resultados da F-3.000 japonesa e da Indy.

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