São Paulo, sábado, 10 de dezembro de 1994
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Corrupção na PF; Adeus, Tom; Stalin já morreu!; Bienal profissionalizada; Slogan; Menosprezo cultural; Ministério FHC

Corrupção na PF
"Envolvido na campanha eleitoral no Pará, só agora li a matéria assinada pelo jornalista Xico Sá, publicada na edição de 6/11 passado. Quando ministro da Justiça, recebi uma informação de que um juiz federal, em Nova Iguaçu, dispunha de informações precisas a respeito de corrupção que estaria sendo praticada na superintendência da Polícia Federal de lá. O magistrado, porém, só faria entrega dos documentos em seu poder a alguém que, não sendo da Polícia Federal, fosse procurá-lo em meu nome e devidamente identificado. Assim o fiz, pedindo ao meu amigo ministro do Exército que fizesse o contacto, através de um oficial por ele designado. Recebi os documentos e vi que o superintendente já havia sido punido e a matéria encaminhada ao Ministério Público. Passado um ano, um jornalista do 'Jornal do Brasil' pediu-me informações a respeito do ocorrido, pois estaria fazendo uma reportagem a respeito. Para surpresa minha, pouco depois o jornal publicava com grande destaque que eu mandara investigar o dr. Romeu Tuma, chefe da Polícia Federal, usando o serviço de inteligência do Exército. Já eu vinha notando sistemática 'plantação' de matérias visando a incompatibilizar-me com o presidente, e já expressara ao general Agenor minha disposição de deixar o governo. Na manhã seguinte, pedi demissão. Foi tudo o que ocorreu, na verdade."
Jarbas Passarinho, senador pelo PPR-PA (Brasília, DF)

Adeus, Tom
"A humanidade não tem tom para compor um réquiem de despedida ao grande mestre Jobim!"
Raul Maselli (São Paulo, SP)

"Morreu o Tom. Que tristeza!"
Luiz Egypto (São Luiz do Paraitinga, SP)

Stalin já morreu!
"Alô, alô, dona Marília Franco, curadora (?) do seminário Documentário Brasileiro, da Secretaria Municipal de Cultura, levado no Centro Cultural São Paulo: Stalin já morreu, viu? O Muro de Berlim caiu, a 'Santa Rússia' ruiu. A senhora armou (de armação...) uma retrospectiva do documentário brasileiro dos últimos 40 anos e deixa eu e minha obra de fora? Ó dona Marília, as ideologias foram para o espaço. Mas a senhora continua investindo nos 'bons tempos' quando o 'bom' Stalin maquiava fotos colocando ou tirando personagens a seu bel-prazer. É o que a senhora está perpetrando impunemente com o cinema do Sylvio Back: omitindo-o, 'apagando-o' da mostra e nos debates, como se eu não existisse e como se meus filmes não pontuassem –no mínimo pela competência, rigor e qualidade– o cinema brasileiro dos últimos 30 anos."
Sylvio Back, cineasta (Rio de Janeiro, RJ)

Bienal profissionalizada
"Como assinante deste jornal, tal foi minha surpresa ao ler a reportagem 'Bienal profissionaliza gestão' (28/11). Em 1989, na 20ª Bienal Internacional de São Paulo, tive o prazer de ser chamada a trabalhar na minha área de atuação, que é a de captação de recursos. O presidente, sr. Alex Periscinoto, com bastante conhecimento na área de publicidade, reuniu toda sua equipe colocando como objetivo primordial a adesão da iniciativa privada para a realização da Bienal e da reforma elétrica do prédio, que desde 69 não sofria uma reforma completa. Realizamos pela primeira vez uma Bienal em parceria com a iniciativa privada."
Rita Ficher Rohr (São Roque, SP)

Slogan
"Sou um leitor jovem, 16 anos, que acompanha a coluna do ombudsman todos os domingos. Concordo plenamente com a coluna do dia 4/12, que se referia ao slogan da Folha. É muita petulância de qualquer jornal que seja, por melhor e maior que for, ter a ousadia de se autoproclamar o 'maior jornal do hemisfério', '3º maior jornal das Américas' etc. E o pior é que nos ultraja pedindo nossa opinião sobre o slogan. Sem comentários."
Cristiano Monteiro Martinez (Marialva, PR)

Menosprezo cultural
"Como presidente do Conselho Estudantil da Escola Americana de Brasília, quero expressar a indignação dos meus colegas perante a matéria publicada no Folhateen do dia 6/12 a respeito da nossa escola. É triste ver os preconceitos raciais e culturais da jornalista serem expostos de forma tão clara e, pior, serem atribuídos aos outros e falsamente colocados em boca alheia. Não há, na Escola Americana, nenhum laivo de racismo ou menosprezo cultural, nem contra a nacionalidade majoritária, que é a brasileira, nem contra qualquer uma das outras. As impressões que a jornalista transmite a respeito da suposta ignorância cultural sobre assuntos brasileiros seriam, infelizmente, muito parecidas em qualquer outra escola e na mesma faixa etária. Se a jornalista se desse ao trabalho de conferir os filmes em cartaz ou a programação da TV, veria que o problema não é da Escola Americana, e sim da negligência das pessoas encarregadas da divulgação e estímulo da cultura brasileira. Mas este, certamente, não é o pior dos crimes que se comete contra este país. A maioria dos alunos da nossa escola é brasileira e muito orgulhosa de sê-lo. Temos também um grande número de colegas estrangeiros, de todas as nacionalidades (asiáticos, africanos, europeus e americanos) e de mais de uma dúzia de religiões. Convenhamos, ser estrangeiro, não falar português e possuir uma herança cultural e religiosa diferente não é crime, como também não é sentir-se orgulhoso de suas origens, sejam elas quais forem. Mas a jornalista não parece estar acostumada com isso e prefere repetir clichês provincianos a respeitar as diferenças, que é uma coisa que a gente aprende logo nesta escola, felizmente. No que diz respeito às expressões francamente racistas que a jornalista coloca na boca de alunos, só podemos dizer que são mentirosas. Nunca escutei a palavra 'chicano' na escola, e estou aqui desde 1983. Por último, a respeito do suposto comportamento das garotas (brasileiras ou não), a jornalista reproduz simplesmente uma série de fantasias machistas. Em tempo: os alunos que optam por universidades brasileiras, que são a maioria, passam brilhantemente nas provas de português e inglês do vestibular, aqui no Distrito Federal e em outros Estados."
Leila Suwwan de Felipe, aluna da 12ª série e presidente do Conselho Estudantil da Escola Americana de Brasília (Brasília, DF)

Resposta da jornalista Daniela Pinheiro – A reportagem apenas transcreveu comentários e impressões de vários alunos da Escola Americana, todos identificados no texto. É lamentável que uma estudante, que se apresenta como líder estudantil, seja tão desinformada sobre os hábitos e opiniões de seus colegas.

Ministério FHC
"Ao cogitarem o nome de Reinhold Stephanes para ocupar o Ministério da Previdência Social, gostaria de saber qual é a autoridade moral desse sr. para reformar a Previdência Social, uma vez que ele é um dos privilegiados com aposentadoria precoce."
Areus Serpa de Quadros (Kearny, EUA)

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