São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 1994
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STF vai analisar suspeita de corrupção

XICO SÁ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Justiça Federal vai encaminhar amanhã ao STF (Supremo Tribunal Federal) o processo contra Fernando Collor de Mello e Paulo César Farias que apura suposto pagamento de propina por empreiteiras envolvidas na construção da hidrelétrica de Xingó.
Na avaliação de juízes que tiveram acesso aos três volumes do processo, é possível demonstrar que PC recebeu dinheiro das empreiteiras, mas não há provas para incriminar Collor.
O argumento usado pelo MP (Ministério Público) para identificar a ligação entre Collor e PC é considerado fraco.
Para tentar provar que Collor estaria envolvido no esquema de recebimento de propinas, o MP cita uma entrevista na qual a mulher de PC, Elma Farias, diz que seu marido tinha um "chefe maior".
A pedido do MP, a Justiça Federal considerou que o processo é de competência do STF, devido ao fato de o ex-presidente ser um dos acusados.
Somente no início do próximo ano, o STF deverá decidir qual instância da Justiça deverá julgar Collor e PC neste processo.
As investigações da Polícia Federal concluíram que o consórcio formado pelas empreiteiras Mendes Junior, Constran e CBPO (do grupo Odebrecht) depositou o equivalente a US$ 1 milhão na conta do "fantasma" Flávio Maurício Ramos.
No mesmo dia em que o dinheiro foi depositado, teria havido liberação de verbas federais para pagamento das empreiteiras.
PC é réu confesso no crime de falsidade ideológica pela abertura das contas-fantasmas.
As obras da hidrelétrica de Xingó foram paralisadas no final do governo Sarney por falta de verbas. Oito meses depois, já no gestão de Collor, o projeto foi reativado, passando a ser considerado prioridade de governo.
Outro lado
Os advogados de PC afirmam que seu cliente não teve nenhum envolvimento na construção da hidrelétrica de Xingó. Nabor Bulhões afirma que nada comprova que PC participou de esquema para superfaturar o preço da obra.

Colaborou XICO SÁ, enviado especial a Brasília

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