São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 1994
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Operário tem medo de morrer na obra

Hidrelétrica contabiliza 12 mortes

MARILENE FELINTO
DA ENVIADA ESPECIAL A XINGÓ

José da Silva, 47, soldador e maçariqueiro, é barrageiro tanto quanto o engenheiro da Chesf Oto Santana, 30, na divisão de concreto de Xingó desde 1988. "Barrageiro é o sujeito que sai trabalhando de sua barragem em barragem a vida toda", diz Santana.
José da Silva, por sua vez, não sabe como funciona a usina que ajuda a construir. Diz que "quer ver" quando estiver pronta, pois só sabe que "faz água virar energia com toda a mecânica".
Natural de Conceição da Feira (BA), semi-analfabeto e pai de quatro filhos, da Silva é funcionário do consórcio de empresas responsável pela parte de montagem da usina. Da Silva tem medo de morrer num acidente de trabalho em Xingó. "É muito perigoso assim, porque a vida da gente é na altura".
Segundo o operário, todos usam cinto de segurança na obra, além de capacete, luvas etc. (estava sem capacete quando falou à Folha), mas mesmo assim um colega seu caiu porque "partiu uns pontos de solda".
Massilon Gomes Filho, 53, engenheiro da Chesf responsável pelo departamento de obras de Xingó, disse à Folha que foram 12 as vítimas fatais em acidente de trabalho durante esses oito anos de construção da usina. Nas épocas chamadas "de pico" houve 10 mil pessoas trabalhando em Xingó. Hoje há cerca de 2.500.
O Sindicato dos Urbanitários de Alagoas, filiado à CUT, e que congrega os funcionários da Chesf, contesta o número de vítimas fatais, que seria dez vezes maior.

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