São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 1994
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Lila Covas ainda não sabe o que vai fazer no Fundo

Ika Fleury diz que há dinheiro em caixa, mas não quantifica

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Lila Covas, 62, primeira-dama de São Paulo a partir de janeiro, não sabe o que fazer com o Fundo Social de Solidariedade do Estado –que coordena programas de atendimento a idosos, deficientes e drogados.
"Não sei o que vou fazer. Vim ver. Foi ela quem me convidou", disse anteontem Lila, referindo-se à atual primeira-dama Ika Fleury –que a chamou para fazer uma única reunião de transição.
Antes do encontro, na sede do Fundo em Perdizes (zona oeste de São Paulo), Lila, com seu estilo seco, direto, pouco afeito à política, chegou a afirmar: "Não tenho nada para tratar". A reunião durou 45 minutos. Lila praticamente só ouviu.
Ela nem sabia quais programas estão em andamento. Ao chegar, foi meio ríspida ao (não) explicar que seu modo de administrar será peculiar. "Você não é diferente de seu irmão? Sua mão não tem cinco dedos diferentes?", perguntou.
Ao sair, Lila surgiu mais cordial. "Fiz economia em casa e farei aqui', disse, sobre a situação financeira do Estado.
Por outro lado, Ika, 42, que deixa o cargo com uma silhueta bem menos arranhada que a do marido, pretende manter-se alerta. "Vou cobrar, se algum programa for interrompido."
Farpas
Separadamente, ao dar entrevistas, as duas trocaram leves alfinetadas.
Ika afirmou que vai "deixar dinheiro em caixa" –mas não disse quanto. Lila não se conteve. "Ela (Ika) disse: tem. Isso é vago, né?" E riu.
Lila não queria falar do governo Fleury. "Está tudo bem dividido. Política é com o Mário." Mas logo se traiu: "O novo governo será muito melhor do que todos que passaram".
Ika, que superavaliou a gestão do marido ("dou nota 9"), devolveu as críticas que Mário Covas tem feito a Luiz Antonio Fleury Filho –e por tabela acertou em Lila.
"Muita gente não tem conhecimento do que se passa aqui. Uma coisa é campanha, outra é a realidade. Covas está enganado", disse.
Fora da vida pública, Ika pretende criar uma casa para órfãos da Aids, enquanto o marido toca um centro de estudos. De onde virá o dinheiro para isso? Ika esquivou-se com a pergunta: "Você vai contribuir?"

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