São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Juros podem estar menores no ano novo

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

Na sexta-feira, o Banco Central manteve a taxa de overnight em 5,20%, contrariando previsão do mercado, que esperava queda nos juros e uma sinalização mais baixa para amanhã.
Mas os bancos continuam apostando na retração até o final do mês: os negócios a termo fechados na semana passada sinalizam 4,80% para dia 14/12, o que significa queda da taxa efetiva para 3,72% ante 3,92% embutidos na taxa-over do selic até sexta-feira.
Ainda assim, o ganho real estimado seria de 1,19%, caso a inflação fique em 2,5%. Uma boa folga ante os 0,78% de novembro.
Os juros do over podem cair já amanhã, véspera de leilão de BBC. Com isso, o BC anteciparia qual a faixa de juros com que vai trabalhar até o final do mês. Ele pode fazer isso também tabelando, amanhã, os juros para quarta-feira.
Nesta semana acaba o período de coleta do IPC-r de dezembro, o que dará ao BC uma visão maior da inflação deste mês.
Mas os bancos já exageram na dose. A taxa-over do CDB chegou a ficar abaixo da projetada pelo mercado futuro para o mesmo período. Como incorporam a previsão de inflação em queda na composição dos juros, os ativos prefixados, com vencimento em janeiro, correm o risco de dar prejuízo.
A inflação de dezembro deve ficar dentro das previsões. A grande dúvida é janeiro. Se o IPC-r ficar estável em relação a dezembro, haverá queda do juro real.
É que janeiro tem o mesmo número de dias úteis que dezembro, mas a taxa-over esperada pelo mercado a termo nos negócios da semana passada é menor: 4,50%. Indica que a taxa ao dia deve cair de 0,17% (ou 0,16% até o final do mês) para 0,15%, o que seria ruim para os ativos indexados ao CDI.
Mas a previsão de inflação de janeiro pode estar subestimada. A alta dos juros para o tomador de empréstimo, pelo aperto na liquidez do sistema financeiro, é considerada pelo mercado uma arma eficaz para manter a inflação sob controle, mesmo em dezembro.
Ocorre que o comércio também tem suas armas, o que deve sustentar a expectativa de vendas recordes neste final de ano. As grandes redes de lojas manterão aquecida a oferta de financiamento de longo prazo.
Além disso, há o efeito do 13º salário. A expectativa do crescimento do saldo das cadernetas baixou de 2% para 1%. O setor acredita que o dinheiro que antes migraria para a poupança será usado para compras com pagamento à vista. Ou seja, a procura continuará pressionada até o Natal.
Como a coleta de dados do IPC-r termina na primeira quinzena, eventuais pressões altistas até o Natal devem ficar de fora. Mas pode sobrar resíduo para janeiro, o que pode colocar sob suspeita as aplicações prefixadas.
Apesar da expectativa de queda das taxas do over, os ativos indexados ao CDI são um seguro contra sustos inflacionários.

Texto Anterior: Não descarte a alternativa
Próximo Texto: Crédito está bem restrito
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.