São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 1994
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Queda afeta as quotas dos fundos

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

A ameaça de uma queda sensível na rentabilidade nas quotas dos fundos de commodities com a aplicação dos compulsórios sobre "export notes" e operações de "box" com opções, estabelecida pela circular nº 2.511, foi afastada por duas medidas do Banco Central (BC).
A primeira foi o esclarecimento dos diretores do BC, Cláudio Mauch (de Normas e Organização do Sistema Financeiro) e Alkimar Moura (de Política Monetária) de que os fundos de commodities são pessoas jurídicas financeiras e, portanto, as "export notes" e certificados de mercadorias adquiridas dos bancos não estão sujeitas aos compulsórios exigidos pela circular 2.511.
A segunda medida foi a edição de uma nova circular, de nº 2.517, na sexta-feira passada, permitindo que as aplicações em commodities agrícolas, de no mínimo 25% do patrimônio, sejam substituídas por títulos públicos federais.
Com isso, a rentabilidade das quotas foi preservada do efeito negativo da circular 2.511 e deve ficar semelhante à dos fundos de renda fixa, na avaliação dos diretores do Banco Sudameris, Eduardo Santalúcia Jr., e do Banco de Boston, Fábio de Oliveira.
Santalúcia destaca, porém, que a rentabilidade dos fundos começou a cair desde quarta-feira, por conta da redução das taxas de juros desencadeada no dia anterior pelo BC (ver texto acima).
Isso significa que, se for confirmada uma nova queda dos juros e a taxa do CDI (Certificados de Depósitos Interbancários) cair dos 4,11% em novembro para a faixa entre 3,63% e 3,73%, a rentabilidade bruta dos fundos de commodities pode cair dos 3,85% registrados no mês passado para o patamar entre 3,41% e 3,51%.
Os últimos movimentos do governo no mercado financeiro e as expectativas de que a inflação média de dezembro e também de janeiro se estabilize no patamar entre 2% e 2,5% fortaleceram uma tendência consistente de queda dos juros, segundo o economista-chefe da Brasilpar Administração de Recursos, Flávio Nolasco.
Depois de fixar em 26% ao ano a taxa da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) nos financiamentos do BNDES para os próximos três meses na última reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), o governo estabeleceu um novo arrocho no crédito para conter as vendas pelo crediário neste final de ano com a circular 2.511.
Com isso, mesmo baixando as taxas para os investidores, o governo produziu um aumento nos juros do crédito direto ao consumidor (CDC), que subiram de uma faixa de 10,94% a 12,54% ao mês para 12% a 15,50%.

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