São Paulo, segunda-feira, 12 de dezembro de 1994
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Dólar deve se manter estável no início de 95

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

A hipótese de uma volta da paridade de um dólar para um real até o primeiro semestre de 1995 foi praticamente descartada nas apostas do mercado financeiro.
O que se discute é como o governo vai monitorar a taxa de câmbio a partir de 1º de janeiro, após a posse do governo de Fernando Henrique Cardoso.
O economista-chefe da Brasilpar, Flávio Nolasco, diz que, nos primeiros meses do ano, o governo terá que evitar qualquer desvalorização mais expressiva do real.
O raciocínio de Nolasco é de que isso permitirá que a oferta de bens importados ganhe peso relativo na economia, evitando que o movimento de recomposição de estoques após as vendas de fim-de-ano venha a pressionar a indústria e os preços.
Ele prevê que o dólar só deva se aproximar do nível de R$ 0,90 em fins de 1995.
A expectativa de que o governo não permitirá grandes oscilações na cotação da moeda norte-americana foi ratificada pelo presidente do Banco Central, Pedro Malan.
"Não se espere nenhuma surpresa no regime cambial", avisou o futuro ministro da Fazenda na última quinta-feira, durante a posse da nova diretoria da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), acrescentando: "Para bom entendedor meia palavra basta, ou deveria bastar".
O ex-presidente do Banco Central, Fernão Bracher, hoje presidente do BBA Creditanstalt, considera que a política de flutuação administrada do câmbio é uma das grandes vantagens do Plano Real em relação ao modelo de câmbio fixo adotado na Argentina.
Ele defende a tese de que, no futuro, o governo deveria dar sinais ao mercado de que o câmbio vai acompanhar a perda do poder aquisitivo da moeda nacional.
Para Bracher, o parâmetro mais adequado para o câmbio, sem voltar a uma política de correção automática, seria o índice de preços industriais por atacado.
Na sua análise, ele leva em conta que, com a dívida externa renegociada e um plano de estabilização a ser consolidado, o país pode e deve voltar à posição de importador de capital. "Isso só é possível com déficit em conta corrente".
O ex-presidente do BC ressalva que a taxa de câmbio terá que ser adequada para gerar um déficit "sustentável" em conta corrente e crescimento da economia não inferior a 7% ao ano a partir de 1995.
Ele define como "sustentável" um déficit gerado pela expansão das importações, mas com a manutenção de níveis elevados de exportações, a ser obtida com eliminação dos impostos, redução das taxas internas de juros e aumento da produtividade das empresas.

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