São Paulo, segunda-feira, 12 de dezembro de 1994
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TV Cultura negocia alianças

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

A TV Cultura de São Paulo vai incrementar a distribuição de vídeos de seus programas –principalmente musicais.
Para tanto, a emissora pública prepara-se para negociar contratos com Polygram, Warner, Sony e outros gigantes da indústria fonográfica.
As gravadoras mostraram interesse em produzir especiais em parceria com a Cultura", afirma a publicitária Regina Bueno, diretora de receitas operacionais.
Dona de um porta-fólio de 104 títulos e de uma loja estabelecida na avenida Faria Lima (zona sul de São Paulo), a Videocultura comercializou 6.500 fitas de agosto a novembro passado. O campeão de vendas é o programa "Energia" (kit com três fitas, R$ 75).
O público-alvo são os telespectadores de 13 Estados onde a programação da Cultura é sintonizada. As encomendas são feitas também através de telemarketing.
Outro negócio entabulado refere-se ao licenciamento de produtos com marcas de seus programas, como o Castelo Rá-Tim-Bum. "As receitas próprias da Cultura correspondem a 15% do orçamento da Fundação Padre Anchieta", diz Regina Bueno.

Aposta em bancas
Já a Video Print, divisão da Abril, informa ter aumentado em 50%, após o real, a demanda de vídeos comercializados exclusivamente em bancas de jornais.
Quatro décadas após lançar os quadrinhos Disney no país, a empresa inicia hoje a comercialização em bancas de vídeos de desenhos animados, o "Disney Vídeo Festival", ao preço de R$ 16,90.
Segundo a direção da Video Print, a tiragem recordista de 80 mil exemplares só não é maior devido à escassez de fitas virgens para duplicação e de papel de impressão do livreto e embalagem que acompanham a fita.
As perspectivas nesse campo parecem tão promissoras que a empresa projeta dobrar as vendas em relação a este ano e alcançar 1,2 milhão de exemplares em 1995, quando estão programados lançamentos de onze títulos.
Para viabilizar a expansão, a Video Print estabeleceu logística de distribuição diferenciada de revistas. Os vídeos permanecerão nas bancas durante três meses.
"O faturamento de R$ 16 milhões previsto para 1994 deve avançar para R$ 38 milhões no próximo ano", diz Luiz Peduti, gerente de marketing.

Publicidade siamesa
É sempre curioso observar como prolongadas guerras de mercado tendem a padronizar os apelos dos competidores. Tome-se como exemplo os milhares de cartazes que a Brahma afixou em Buenos Aires sob o título "Pensó en cerveza? Bebió Brahma".
A bebida é sugerida como acompanhamento de sanduíche, churrasco, tira-gosto etc. Êpa, mas esse não é o mote da campanha brasileira da Antarctica? "Mais do que vender Brahma tentamos estimular o hábito de beber cerveja, em um mercado ainda dominado pelo vinho", argumenta o publicitário Eduardo Fischer.
O consumo de cerveja na Argentina saltou, nos últimos anos, de 17 litros per capita para 33 litros per capita –abaixo dos 40 litros bebidos pelos brasileiros. Nada melhor do que um empurrãozinho para apressar mudança de hábito.

"Primo pobre"reage
Uma inédita pesquisa conduzida pelo Datafolha e divulgada em dezembro de 1993 detectou que o poder de fogo do rádio vinha sendo subestimado no país.
Segundo constatou o levantamento, entre 5h e 18h o rádio (AM ou FM) atrai contingente de 1,5 milhão de ouvintes por minuto na Grande São Paulo –mais que o dobro da TV, no mesmo período e região.
O resultado teve grande repercussão. Desde então, o "primo pobre" da mídia tem feito esforços para recuperar sua fatia no bolo da propaganda –que, nessa década, definhou para cerca de 5%.
Uma dessas iniciativas acontece hoje, a partir das 14h, no Centro de Convenções Rebouças. Trata-se do 1º Forum de Debates, promovido pela Rede Transamérica.
Representantes de institutos de pesquisa (Datafolha e Ibope), de anunciantes (ABA) e do Grupo de Mídia debaterão métodos e critérios de avaliação dos índices de audiência do meio.

Consumo automático
A abertura da economia abriu sinal verde também para a importação de máquinas automáticas.
A paulista Topmark firmou acordo comercial com a norte-americana Crane National Vendors, que produz 4.000 "vending machines" a cada mês.
Um lote inicial de 24 máquinas –que possibilitam armazenar de salgadinhos e refrigerantes a cigarros– desembarca ainda este mês.
A Topmark projeta comercializar de 840 a 1.000 unidades em 1995, por R$ 6.500 cada, em três modelos e versões disponíveis: operação com ficha, cartão magnético e os dois combinados.
Segundo a Topmark existem atualmente 10 milhões de máquinas automáticas instaladas nos EUA, que geram faturamento astronômico de US$ 30 bilhões anuais.
A indústria alimentícia e de bebidas é potencial cliente. A Coca-Cola e a Pepsi-Cola utilizam máquinas semelhantes como importante peça de merchandising.

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