São Paulo, segunda-feira, 12 de dezembro de 1994
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Jornalista é acusado de espionar para KGB

ROGÉRIO SIMÕES
DE LONDRES

A acusação contra um editor do jornal inglês "The Guardian" de ter trabalhado como agente da KGB (serviço secreto da extinta União Soviética) provocou uma guerra de informações entre os principais jornais da Inglaterra.
O editor de Letras Richard Gott pediu demissão na semana passada depois que uma reportagem da revista "Spectator" o acusou de ter sido espião soviético durante as décadas de 70 e 80.
Ontem, os jornais "The Sunday Times" e "The Sunday Telegraph" noticiaram que, segundo o ex-chefe da KGB em Londres, Oleg Gordievsky, Gott era um dos poucos "agentes de influência" que o serviço secreto tinha no país.
O "The Observer", da mesma empresa do "Guardian", traz reportagem dizendo que as acusações fazem parte de uma conspiração contra o jornal, por causa de suas reportagens sobre corrupção no governo, publicadas este ano.
A acusação contra Gott pode ser apenas o começo de uma caça às bruxas contra jornalistas, intelectuais e mesmo membros do Parlamento que teriam ligações com o antigo bloco soviético.
Oleg Gordievsky, que operou durante anos como agente duplo, diz ter uma lista de 24 nomes de britânicos envolvidos com a KGB e pretende publicá-la em um livro, "Next Stop Execution" (Próxima Parada Execução), sobre seu trabalho durante a Guerra Fria.
Quando pediu demissão do jornal pelo qual trabalhou por 30 anos, Richard Gott admitiu ter recebido viagens ao exterior do governo soviético, mas negou que tivesse trabalhado como agente.
Segundo o ex-chefe do serviço de espionagem, Gott era muito respeitado na URSS e qualquer informação relacionada a ele era enviada para Londres em microfilmes contrabandeados de Moscou.
Esta é a segunda vez que o "Guardian" é motivo de controvérsia este ano.
O editor do jornal, Peter Preston, foi objeto de debate no Parlamento recentemente por causa de uma reportagem que utilizou uma carta forjada com o logotipo da Câmara dos Comuns.

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