São Paulo, quarta-feira, 14 de dezembro de 1994
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Aplicações financeiras vão mudar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo prepara uma série de mudanças nas regras das aplicações financeiras, como a caderneta de poupança e os fundos de investimentos. Parte das alterações deverá estar aprovada até o final do ano.
Segundo o diretor de Normas do Banco Central, Cláudio Mauch, os fundos ganharão maior liberdade para aplicar seus recursos. Além disso, novas regras para a tributação dessas aplicações deverão ser definidas ainda este mês.
O BC também estuda um novo modelo para a poupança. A alternativa mais recente em exame é corrigir a caderneta por uma taxa média dos juros de mercado, que substituiria a TR (Taxa Referencial), atualmente baseada apenas nos CDBs.
Tal modelo já foi apresentado pelo BC à Abecip, que reúne os bancos envolvidos em poupança e financiamentos habitacionais, segundo o presidente da entidade, João Batista Gatti.
Mauch confirmou os estudos para mudanças na poupança e nos financiamentos habitacionais, mas disse ainda não estar convencido sobre as melhores alternativas.
O diretor do BC disse que as mudanças na poupança e a nova tributação dos fundos de investimento são estudadas em conjunto, "para manter o equilíbrio entre os produtos oferecidos pelo sistema financeiro".
Ao contrário do que foi cogitado no início do Plano Real, as novas regras não deverão induzir o alongamento dos prazos das aplicações. "Os próprios poupadores deverão tomar a iniciativa de deixar o dinheiro poupado por mais tempo", disse Mauch.
Segundo Mauch, o principal objetivo perseguido pelo governo é a "desregulamentação", ou seja, a simplificação das normas obedecidas pelo sistema financeiro para captações e empréstimos. Outro objetivo é preparar o ambiente para a desindexação da economia.
No simpósio realizado ontem sobre companhias hipotecárias, João Batista Gatti anunciou que a Abecip proporá em fevereiro um projeto de desregulamentação do Sistema Financeiro de Habitação.
As propostas foram elogiadas por participantes do simpósio, como o ex-presidente do BC e coordenador Paulo César Ximenes.
A possibilidade de financiar imóveis para a classe média através das companhias hipotecárias, instituições recém-criadas pelo governo, gerou divergência.
Gatti disse que as empresas deverão financiar principalmente imóveis comerciais. "O assalariado é o último da fila", completou.
Já o presidente da Abech (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Habitacional e Companhias Hipotecárias), Júlio Singer, acha que serão beneficiadas pessoas com renda entre 10 e 20 salários mínimos.

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