São Paulo, quarta-feira, 14 de dezembro de 1994
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O empate será bom para o Corinthians

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, tudo indica que, para o Corinthians, um empate amanhã será um grande resultado. Antes empatar –e empurrar toda a decisão para o domingo– do que perder.
Esta estratégia dá a opção a Jair Pereira de sair jogando também com três médios de marcação: Zé Elias, à esquerda, Luisinho pela faixa central (marcando o Zinho?) e Marcelinho Souza, à direita.
(Há outras opções na manga, como Tupãzinho ou Casagrande: mas, nesses casos, seria improvisação demais para uma hora em que o Corinthians é menos –isto é, tem a vantagem negativa.)
Como lembra o grande Ben Jor, prudência, dinheiro no bolso e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Jair Pereira vai conter o ímpeto ofensivo do alvinegro, tirando uma peça do ataque.
Aqui com as minhas infinitas incertezas, confesso que tenho dúvidas sobre este esquema que, reconheço, vem avalizado pela segurança do bom senso.
Em primeiro lugar, jogar em trio de marcação no meio-de-campo exige muito entrosamento. Diante da habilidade de um Zinho ou da mobilidade do Rivaldo, não se pode entrar improvisando.
(O próprio Palmeiras tenta o esquema de três volantes desde a temporada passada. E olhe que é o Palmeiras, um dos times mais estáveis do futebol brasileiro.)
Um outro problema do Corinthians é a cobertura dos laterais Paulo Roberto e Branco. Saí o Marcelinho Souza para cobrir a direita ou então o Zé Elias para a esquerda. E o que ocorre?
Abre-se um espaço no meio para o Zinho, para a chegada do César Sampaio (lembre-se do seu papel importante nos gols decisivos no campeonato anterior) ou para o chute do Flávio Conceição.
Não sei, não, mas algo me diz que a vocação natural deste time do Corinthians é a de jogar para a frente. Falta a um Lusinho, por exemplo, a força de obstruir, de provocar o choque, de marcar duro.
Pergunto-me também se a melhor maneira de enfrentar os três volantes do Palmeiras não seria a de fixá-los mais atrás e/ou, se possível, provocar uma mudança no seu posicionamento defensivo.
Eis a questão para se meditar: será que é só com três volantes que se conseguirá neutralizar o esquema do Palmeiras? Não seria possível também corrigindo o posicionamento do Viola e do Souza?
O Viola mais perto da área, certamente carregará um marcador junto. Um Marques com mais mobilidade, um Souza tocando a bola mais rápido, um Marcelinho menos isolado ajudarão o alivnegro.
Se o Corinthians não tem muitos motivos para se arriscar amanhã, o Palmeiras tem menos motivos ainda. E o alvinegro ainda corre o risco adicional de trocar o ataque certo por uma defesa incerta.
E aí não terá mais importância se Wanderley Luxemburgo escalar três, quatro ou até mesmo cinco volantes.
Até a final do Campeonato Brasileiro, Matinas Suzuki Jr. escreverá todos os dias nesta coluna; Alberto Helena Jr. estará, diariamente, junto com o noticiário sobre Palmeiras e Corinthians.

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