São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 1994
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PF prende 'tentáculo' do cartel de Cáli

DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Federal anunciou ontem a prisão de Carlos Alberto da Costa Monteiro, o Carlinhos da Lelé, 53, apontado pelo delegado Eleutério Parracho como "tentáculo" e "um dos homens fortes" do cartel de Cáli no Brasil.
O delegado e superintendente da PF no Rio disse que Lelé é o primeiro "tubarão" do tráfico de drogas preso desde que, há 45 dias, os governos federal e estadual criaram a Operação Rio, de combate à criminalidade.
Segundo Parracho, Lelé é parceiro da máfia italiana em esquema de envio de cocaína produzida na Colômbia para Luxemburgo, país europeu que faz fronteira com França, Bélgica e Alemanha.
Lelé também seria o distribuidor de parte da cocaína vendida em São Paulo e Salvador.
A PF informou que Lelé –dono da loja de carros Hassum, na Ilha do Governador, zona norte do Rio– foi preso às 9h em sua casa (estrada da Cacuia, Ilha), onde teriam sido achados 2 kg de cocaína.
Em ação simultânea, a PF prendia na ponte Rio-Niterói dois supostos membros do bando. Na pista sentido Rio, foi parado o Logus guiado por Noel Marques, 31. No carro, haveria 8 kg de cocaína. Marques seria auxiliar de Lelé.
A PF também parou um táxi que acompanhava o Logus, prendendo Luiz Carlos Rufino Albanese, 35, dono da casa de câmbio Luiztur Viagem Turismo. Até as 17h30, a PF não sabia se o motorista atuava na suposta quadrilha.
O superintendente disse que os 8 kg iriam em vôos comerciais para Paris e Madri, de onde seguiriam para Luxemburgo. Segundo Parracho, comissários de bordo transportariam a droga.
Oito comissários estão sendo investigados pela PF. Um deles, Estanislau da Silva, da Varig, prestou depoimento ontem na PF. Parracho disse que Silva "certamente" seria um dos responsáveis pelo embarque da droga para a Europa.
A PF também deteve para interrogatório o major reformado Luiz Montenaro, da PM (Polícia Militar) do Rio. O oficial trabalha como gerente da loja de Lelé.
A pedido do Comando Militar do Leste (CML), nota divulgada pela PF atribui a prisão de Lelé ao conjunto "CML/PF". A pressão do CML indignou os agentes envolvidos na operação. "Estamos atrás desta turma há três anos. O Exército não nos ajudou em nada", disse um dos agentes.
Segundo o porta-voz da Operação Rio, coronel Ivan Cardozo, a operação da PF foi alimentada pelo serviço de informação do CML.

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