São Paulo, sexta-feira, 16 de dezembro de 1994 |
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A batalha da Fifa
SILVIO LANCELLOTTI SÍLVIO LANCELLOTTIComeçou bem antes do que se previa a batalha pela futura sucessão na Fifa –apenas seis meses depois do super-acordo que, nas vésperas da Copa, reconduziu o brasileiro João Havelange ao sexto mandato consecutivo. Pelo acordo, os três continentes mais obstinados em cortar o reinado de Havelange, a África, a Ásia e a Europa, aceitaram cancelar os seus movimentos de oposição em troca, basicamente, de dois compromissos. Havelange aceitaria engolir o italiano Antonio Matarrese como o seu vice-executivo e, além disso, esqueceria os seus modos autoritários, coordenando a entidade de maneira colegiada. Enganaram-se os então rebeldes. Cerca de 45 dias atrás, Havelange dizimou os inimigos, excluindo das cortes da Fifa dois adversários, o malaio Peter Velappan e o alemão Gerhard Aigner, os secretários-gerais das confederações da Ásia e da Europa. A atitude do brasileiro, perpetrada de tocaia, insuspeitadamente, durante um encontro programado para a discussão de outros temas, como a distribuição das 32 vagas na Copa da França, em 98, pegou os inimigos desarmados e desprevenidos. Conta um deles que Havelange simplesmente entrou na sala, abriu a reunião, passou aos cartolas presentes uma folha de papel e, antes que o seu texto fosse lido, declarou o encerramento do encontro, sem direito a debates. Na folha de papel estavam os nomes dos novos integrantes das comissões da Fifa. Curiosos e intrigados com a descoberta, nas relações, de uma dezena de personagens inéditos, inclusive o sr. Ricardo Teixeira, políticos espertos como Velappan e Aigner nem sequer perceberam de que não mais participavam do time de Havelange. Domingo passado, porém, partiu do sueco Lennart Johansson, presidente da Uefa, o primeiro grito de batalha. Johansson se declarou traído por Havelange e manifestou o seu temor, palavras literais, "com a instalação do absolutismo na Fifa". Velappan só demorou dois dias para engatar o trem da Ásia na locomotiva da Uefa. Liberou um documento radical que, entre outras frases nada suaves, ostenta esta: "A Fifa corre o perigo de se tornar uma ditadura. Exigimos posturas mais claras". Não haverá eleições formais na Fifa em 1998. Caberá ao comitê executivo escolher o sucessor de Havelange para um mandato-tampão de dois anos. Não será fácil ao brasileiro coroar um predileto seu. Texto Anterior: 'No futebol, se ganha em campo' Próximo Texto: Órgão dá origem a polêmicas Índice |
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