São Paulo, sábado, 17 de dezembro de 1994
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Levantamento mostra risco de HTLV-1 para bebês

GILBERTO DIMENSTEIN; CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma pesquisa realizada no Hemocentro de São Paulo, com uma amostragem de 900 mil doadores de sangue, aponta alto risco para filhos de mulheres com o vírus HTLV-1, transmitido sexualmente ou por transfusão de sangue. De cada 1.000 infectadas, 25% transmitem o vírus a seus filhos através da amamentação.
A pesquisa é conduzida pelo professor titular de hematologia da Universidade de São Paulo, Dalton Chamone, presidente da Fundação Pró-Sangue e coordenador de sangue do Ministério da Saúde.
"A situação é gravíssima", disse ontem Chamone. Segundo ele, "o poder público não está cumprindo seu papel de alertar a população e, em especial, as mães que contaminam seus filhos."
Ele conduz a pesquisa desde 1990, com base no Hemocentro de São Paulo e coleta dados em outros Estados. No Hemocentro de São Paulo, encontra-se 1,3 contaminados em cada 1.000 doadores.
O HTVL-1 não provoca apenas paralisia no corpo, por afetar o sistema nervoso central. Provoca também leucemia e linfoma (câncer nos gânglios). A partir das estimativas do professor Chamone, pode-se estimar que, hoje, no Brasil, tenhamos entre 500 mil e 700 mil infectados.
O diretor do Hospital Sara Kubitschek, Aloysio Campos, defendeu que o HTLV-1 seja incluído nas campanhas de esclarecimento do vírus da Aids, a obrigatoriedade do teste nos bancos de sangue e investimentos à pesquisa.
Na rede do Hospital Sara Kubitschek em Brasília e Salvador (BA), foram detectados 60 casos de pessoas portadoras do vírus HTLV-1 num universo de 205 pacientes somente em 1994.
O Brasil, segundo Chamone, tem uma incidência do vírus HTLV-1 maior do que nos Estados Unidos –81,25%. Os testes realizados no Mato Grosso apontaram que existem 11 pessoas contaminadas para cada grupo de 1.000.

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