São Paulo, sábado, 17 de dezembro de 1994
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21 PMs são presos por linchamento

MARCELO GODOY; AUGUSTO GAZIR
DA REPORTAGEM LOCAL

A Corregedoria da Polícia Militar deteve 21 sargentos, cabos e soldados ontem para interrogatórios sobre a morte do metalúrgico Marcelo Pires Barbosa, 28. Oito testemunhas do crime foram também convocadas para depor.
Os policiais foram detidos na manhã de ontem quando chegavam para trabalhar. Eles ocupavam nove carros da PM que participaram direta e indiretamente da prisão de Barbosa.
O metalúrgico tinha problemas mentais e, segundo vizinhos, foi algemado e espancado até a morte pelos policiais. O crime teria acontecido na última quarta-feira.
Alegando estar sendo perseguido por alguém, Barbosa entrou pelo telhado na casa da comerciante Miquiko Sakamoto, 40, no Jardim Nordeste (zona leste de SP). Ele invadiu o quarto dos filhos de Miquiko e quebrou todos os móveis.
Todos os policiais suspeitos pelo crime pertencem à 3ª Companhia do 2º Batalhão da PM.
A corregedoria também está apurando a eventual responsabilidade do oficial que chefiava o patrulhamento no Jardim Nordeste.
Segundo o coronel Hermes Bittencourt Cruz, assessor do Comando Geral da PM, até as 18h de ontem nenhum dos acusados havia sido reconhecido pelas testemunhas do crime.
Quatro delas há haviam sido ouvidas no processo administrativo aberto pela Corregedoria da PM. Outras quatro deveriam prestar depoimento ainda ontem.
"A corregedoria pedirá à Justiça a decretação da prisão de todos os policiais que forem reconhecidos pelas testemunhas", afirmou o coronel Cruz.
Além do processo administrativo, que pode provocar a prisão disciplinar e a expulsão da PM dos acusados, também foi aberto um Inquérito Policial Militar no 2º Batalhão para apurar o crime.
Segundo a versão que os policiais militares apresentaram no 64º DP (Cidade A.E. Carvalho), Barbosa teria resistido à prisão e batido com a cabeça no carro da polícia. Ele morreu após chegar no Hospital Ermelino Matarazzo (zona leste de SP).
Dois dos policiais acusados pelo crime, os soldados Valter da Silva Leme e Joel Celestino, respondem juntos a 15 processos por lesão corporal e homicídio nas quatro auditorias da Justiça Militar.
Leme é acusado de ter cometido durante o serviço três homicídios, uma tentativa de homicídio e sete lesões corporais. Celestino é réu em quatro processos em que ele é acusado de lesão corporal.
(Marcelo Godoy e Augusto Gazir)

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