São Paulo, sábado, 17 de dezembro de 1994
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Estava tudo certo até o Edmundo chegar

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, começando pelo começo: a notícia da volta do Edmundo, na quarta, mudou a disposição psicológica do que seria o primeiro jogo da final do Campeonato Brasileiro de 94.
O Palmeiras –que já era favorito– ficou mais favorito ainda. A tribo palestrina –jogadores, dirigente, torcida– ganhou uma nova alma e um redobrado ânimo. Mudou o cenário da partida.
Até então, Wanderley Luxemburgo sinalizara –como se diz agora– que entraria com três volantes.
O empate já seria um bom resultado para o Palmeiras. No outro lado, Jair Pereira também manifestava a sua preferência em entrar jogando pelo empate. Estava tudo combinado: emoções só amanhã.
Até que chegou o Edmundo.
Wanderley Luxemburgo então trocou o 4-3-2-1 por um 4-2-2-2. Sua estratégia não mudava no essencial, apenas o time ficava com mais bala (velocidade e poder de finalização) para as contra-ofensivas.
Na trincheira oposta, Jair Pereira tentou formular uma proposta de jogo arriscada. Eu já antecipara que não é fácil obter, de uma hora para outra, bons resultados com três médios marcadores.
Mas o Jair Pereira buscou uma tática ainda mais ousada: combinar a marcação por zona com a marcação homem-a-homem no meio de campo (os "basqueteiros" sabem como ela é difícil).
Marcelinho Souza colou no Zinho. Foi a sua sombra, enquanto esteve em campo. Zé Elias (um gigante, diga-se de passagem) cuidava mais da zona esquerda, onde se supunha que o Edmundo jogaria.
Luisinho ficou encarregado de fiscalizar a zona central, sobrando a inglória tarefa de tentar parar o Rivaldo. E foi aí que o esquema corintiano fez água.
Astutamente, Wanderley Luxemburgo "entregou" o Zinho. Já que ele estava muito bem marcado, Wanderley tirou-o do contato com a bola e usou-o como isca. Atraiu o marcador para o seu campo.
Com o Marcelinho Souza "imobilizado" atrás do Zinho, Paulo Roberto –sem condições para marcar e atacar– ficou sem proteção (que Luisinho também não conseguia proporcionar).
Resultado: Zinho liberou espaço para Rivaldo –um jogador que não se consegue marcar, dada a sua mobilidade– e para o "rush" palmeirense pela esquerda, ao longo do primeiro tempo.
Edmundo só atuou pela direita, na etapa inicial, uma única vez (a do chute na trave). No resto, atuava pela esquerda, assim como Rivaldo e Roberto Carlos. O caminho estava aberto, só faltava o gol.
Ele aconteceu quase que acidentalmente, pelo meio, mas foi fruto da incapacidade de marcação sobre a centopéia eficiente chamada Rivaldo, que aproveitou magistralmente o espaço ofertado.
Taticamente, o Palmeiras começou a ganhar o jogo ali. Depois, foi ajudado pela sua precisão e pelo destino.

Até a final do Campeonato Brasileiro, Matinas Suzuki Jr. escreve todos os dias nesta coluna; a coluna de Alberto Helena Jr. está, diariamente, junto com o noticiário sobre Palmeiras e Corinthians.

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