São Paulo, sábado, 17 de dezembro de 1994 |
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Exibidores recuperam cinemas do centro
JOSÉ GERALDO COUTO
Se tudo correr bem, os dois serão reinaugurados na próxima sexta-feira, dia 23. De acordo com a rede exibidora Haway, dona do Paissandu e co-proprietária do Marrocos (junto com a Paris Filmes), ambos serão cinemas "lançadores", que exibirão os mesmos filmes das melhores salas da rede. O Marrocos terá duas salas, uma com 820 lugares e a outra com 530. A reforma deverá custar "mais de R$ 200 mil", de acordo com Mario Fuji, da direção da Haway, que vai dividir a despesa com a Paris Filmes. A reforma do Paissandu é mais ambiciosa: vai custar R$ 800 mil. A Haway está apostando tanto no local que comprou o prédio todo, a um preço não divulgado. Como sinal dos tempos, funcionarão ali duas salas, uma de cinema (400 lugares) e outra de bingo (com capacidade para 500 pessoas). Numa segunda etapa, a ser concluída em 40 dias, o Paissandu terá uma segunda sala de cinema, com 280 lugares. Tanto o Marrocos como o Paissandu terão equipamento de última geração, incluindo som Dolby SR estéreo, só encontrado nos cines Marabá, Butantã e Espaço Banco Nacional de Cinema. Segundo Carregosa, a Haway –maior rede exibidora da Grande São Paulo, com 34 salas– foi a empresa que mais inaugurou cinemas nos últimos anos, a maioria em shopping centers. A história do Marrocos e do Paissandu sintetiza a história dos cinemões do centro. Foram criados nos anos 50 (o Marrocos em 1951, o Paissandu em 1958) como palácios suntuosos e elegantes. A deterioração do centro e a crise do mercado fizeram com que, primeiro, se dividissem nos anos 70 em duas salas cada (o Marrocos em 1972, o Paissandu em 1977). O passo seguinte foi abrir as portas para os filmes de sexo explícito, antes da desativação total. Decadência O Paissandu estava desativado desde 1988. O Marrocos funcionou até duas semanas atrás, exibindo só filmes pornô. Para Simões, o Marrocos, com sua mistura de estilo Versailles com mourisco modernizado, era "um verdadeiro bolo de noiva". Tinha cerca de 1.300 lugares, divididos entre platéia e pullman. Em 1954, por ocasião do quarto centenário da cidade, o Marrocos sediou um festival internacional de cinema. Entre seus visitantes ilustres estiveram então o ator Errol Flynn e os cineastas Erich von Stroheim e Abel Gance. Já o Paissandu surgiu no momento em que começava a decadência da chamada Cinelândia, no centro de São Paulo. "O eixo dos bons cinemas começava a se deslocar para a Paulista", diz Simões. Ainda de acordo com o pesquisador, o Paissandu foi o último grande cinema de luxo a surgir no centro. Um de seus atrativos era o elevador que levava os passageiros ao pullman. Nos anos 80 a degradação da região foi fatal para o cinema. Em 86, o Paissandu foi interditado pelo prefeito Jânio Quadros por falta de segurança. Na época, já eram comuns os assaltos no elevador. Segundo Simões, 1955 foi o momento de auge da Cinelândia paulistana. Foram vendidos na cidade 55 milhões de ingressos, o que dava uma média anual de 15 ingressos por habitante. Texto Anterior: Tom reaviva desejo de manter ruas e casas Próximo Texto: Lumière terá duas salas Índice |
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