São Paulo, segunda-feira, 19 de dezembro de 1994
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Secretário defende usinas que antes combatia

LUIZ HENRIQUE AMARAL

Em poucos anos, Zulauf nuda de opinião sobre efeito cancerígeno dos inicineradores de lixo que Maluf quer implantar
A opinião do secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Werner Zulauf, sobre as usinas de incineração de lixo que a prefeitura pretende instalar em São Paulo mudou radicalmente em menos de dez anos. Hoje, Zalauf é um dos principais defensores do projeto.
Em 1986, quando era presidente da Cetesb (Companhia Estadual de Tecnologia Ambiental), ele travou um guerra contra a instalação de usinas defendida pelo então prefeito Jânio Quadros.
Zulauf deu entrevistas e escreveu artigos dizendo que os gases produzidos causavam câncer.
Em artigo publicado na Folha no dia 16 de setembro de 1987, Zulauf escreveu:
"Usinas de incineração de lixo urbano são instalações de alto potencial poluidor, fontes de cinzas volantes que carregam a dioxina para a atmosfera. Esse composto químico, não biodegradável, é extremamente persistente e figura como a mais tóxica das substâncias conhecidas."
Cerca de um ano antes, em 9 de outubro de 86, Zulauf disse em entrevista à Folha que as usinas de incineração "liberam elementos altamente cancerígenos".
Única opção
Em setembro deste ano, já como secretário municipal, Zulauf afirmou que o incinerador é a única opção para o lixo da cidade, e apresentou outra teoria sobre o seu potencial cancerígeno:
"A contaminação pela dioxina se dá basicamente através da cadeia alimentar, quando a substância cai em um alimento que será depois consumido pelo homem. Isso dificilmente ocorrerá em São Paulo, uma vez que os incineradores não serão construídos em zonas rurais", disse.
Na mesma entrevista, ao ser perguntado sobre os incineradores que já funcionam na cidade, o secretário do Verde e do Meio Ambiente disse que "até hoje só reclamaram do cheiro deles".
Havia clima de guerra
O secretário Zulauf atribui suas declarações contra os incineradores ao clima de "guerra" que mantinha com o prefeito Jânio Quadros.
"O então prefeito se recusava terminantemente a fazer o licenciamento ambiental da usinas. Na epóca, a fiscalização era de responsabilidade de Cetesb, de onde eu era presidente", afirma.
Zulauf diz que, à época do seu artigo na Folha, já achava "fundamental", os incineradores. Continua a achar que as usinas têm "alto potencial poluidor", mas a menos que não possuam os filtros adequados!"

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