São Paulo, segunda-feira, 19 de dezembro de 1994
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Maioria dos artistas é conhecida

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

A declaração da galerista Sabbatino de que "Art from Brazil in New York" se pretende "um braço da Bienal" em Manhattan não é frase de efeito.
Janeiro é mês morto no mundo da arte em Nova York: nada relevante costuma estrear no período.
Assim, a idéia de levar arte nacional para lá encontrou respaldo conveniente no calendário e na embaixada brasileira –que organizou um pool de estatais e companhias aéreas para bancar o projeto. Integralmente.
A Bienal foi o estopim e o caminho para armar o evento sem dar a ele a carantonha de oficial.
Em duas exposições, "Bienal Brasil Século 20" (em abril e maio) e a 22ª Bienal Internacional (de outubro a dezembro), fez o que pôde para promover a arte brasileira no cenário internacional.
A diplomacia descobriu a estética. Nada disso, porém, quer dizer que não haja atualmente um interesse maior pela arte brasileira (a prestigiosa revista "Art Forum", por exemplo, prepara número especial sobre ela). Quer dizer apenas que essa mostra não é uma expressão puramente orgânica dele.
Não é tampouco um salto inédito em seu histórico. Dos artistas com individuais em janeiro, Hélio Oiticica, José Resende, Waltércio Caldas, Cildo Meireles e Tunga já são bastante divulgados nos EUA.
Representam a nata da arte conceitual brasileira dos anos 60, 70 e 80 e são estudados por críticos estrangeiros desde os anos 80.
Nuno Ramos e Daniel Senise também são conhecidos, menos porque mais jovens, da "geração 80"; o trabalho de Nuno, aliás, amadureceu nestes últimos anos.
Os nomes menos afamados são os de Adriana Varejão, Sandra Tucci e Valeska Soares –estes dois em especial–, surgidos em 1994. Varejão, que faz trabalho de impacto com imagens sanguinolentas, cada vez mais é comentada: seu estilo é sintonizado com a tendência mais discutida no momento, a "arte mórbida".
Em suma, como divulgação da arte brasileira, o evento fará alguma coisa por esses três últimos representantes. Como conjunto, apesar do marketing institucional, não é nenhuma caixa de ressonância.

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