São Paulo, terça-feira, 20 de dezembro de 1994
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Cientistas acham 'mãe de todas as galinhas'

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA FOLHA

Pesquisadores japoneses descobriram "a mãe de todas as galinhas" –a espécie de galináceo selvagem que pode ser considerada a ancestral de todas as galinhas domésticas de hoje.
A pesquisa foi feita analisando o material genético de galinhas de diversas partes do mundo.
Com os resultados da pesquisa, surge uma nova hipótese sobre o local onde as galinhas foram domesticadas pela primeira vez.
Até agora se acreditava que a domesticação da galinha teria surgido há cerca de 8.000 anos, na região do rio Amarelo, norte da China. Diversos sítios arqueológicos dessa região apresentam restos de galinhas com indícios de que eram domesticadas.
A galinha "ancestral", porém, é uma subespécie nativa da Tailândia (o país do sudeste asiático que recentemente virou manchete porque PC Farias foi preso ali). Trata-se de um tipo de galo selvagem vermelho, com um nome científico que não deixa dúvidas: Gallus gallus gallus.
Os fósseis do norte da China, na opinião da equipe de cientistas, foram achados em uma região não muito apropriada para o desenvolvimento da espécie.
Seria mais razoável supor que essas galinhas primevas tivessem seu habitat mais ao sul ou a oeste, com clima e vegetação mais favoráveis –como a Tailândia.
Para chegar a essa conclusão, os japoneses analisaram o material genético –DNA– de uma estrutura celular, a mitocôndria.
O DNA contém as informações para a "fabricação" de um ser vivo. Mas o DNA armazenado na mitocôndria é diferente daquele encontrado no núcleo das células.
O DNA mitocondrial é passado de mãe para filha. Ele não é "contaminado" pelo DNA paterno, criando assim uma sequência útil, capaz de servir como um método de comparação das diferenças genéticas entre as gerações de fêmeas.
"Espera-se que seu alto ritmo de mutação permaneça constante, sendo relativamente imune a diferenças de tempo das gerações entre as espécies", comenta a equipe de pesquisadores –Akishinonomiya Fumihito, Tetsuo Miyake, Shin-Ichiro Sumi, Masaru Takada, Susumu Ohno e Norio Kondo– na edição de hoje da revista da Academia de Ciências dos EUA.
Isto é, o DNA mitocondrial tornou-se a base de uma espécie de "relógio molecular", pois os cientistas podem estimar os anos que se passaram entre as gerações através das variações acumuladas com o tempo no DNA.
Foi graças a esse DNA exótico que a ciência pôde calcular a distância evolutiva entre homens e chimpanzés, como agora, entre as diferentes espécies de galinhas.

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