São Paulo, terça-feira, 20 de dezembro de 1994
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Cineasta italiano adapta livro de Saramago

JAIR RATTNER
DE LISBOA

O escritor português José Saramago foi colocado pelo governo italiano no mesmo nível que os maiores escritores europeus de todos os tempos.
Num filme com o objetivo de estimular a leitura entre os secundaristas italianos, o livro "História do Cerco de Lisboa", de Saramago, aparece ao lado de obras como "Educação Sentimental", de Gustave Flaubert, "Dom Quixote", de Miguel de Cervantes, "Ivanhoe", de Walter Scott, e "Os Dublinenses", de James Joyce.
Produzido pelo governo italiano, junto com a Comunidade Européia e a Fundação Bellonci –responsável pelo prêmio literário Strega, o mais importante do país–, o filme vai ter 30 minutos de duração e destina-se à exibição nas escolas.
"Foi escolhido um autor por cada país e de Portugal a opção foi por Saramago", conta o diretor responsável pelo projeto, Corrado Farina, 52.
Um dos motivos da escolha de Saramago é o desconhecimento da literatura portuguesa: "Acho que foi porque Portugal não tem outros grandes autores", afirma Farina. Ele elogia "História do Cerco de Lisboa", de Saramago: "Há muito tempo eu não tinha tanto prazer lendo um livro."
Em Lisboa, Farina filmou na semana passada três locais onde se passa a ação do livro de Saramago: o Castelo de São Jorge, a Praça de Arroios e a Alfama –o bairro medieval.
Para os outros livros, serão utilizados trechos de clássicos do cinema: "Dom Quixote", dirigido por Pabst, "Ivanhoe", de Richard Thorpe, "Educação Sentimental", de Jacques Rivette, e "Os Vivos e os Mortos" ("Os Dublinenses"), de John Huston.
Além dos trechos de filmes, os curtas vão ter entrevistas com atores ou diretores de teatro contando como representaram os livros. No caso de Saramago, a entrevista vai ser com o autor.
"Fui escolhido para fazer este filme porque sei fazer algo que não seja muito sério nem institucional. Eu posso fazer um filme culturalmente correto e agradável do ponto de vista do espetáculo", conta Farina. Para ele, é necessário fazer um filme destinado a um público acostumado a ver muitas imagens.
Trata-se de uma produção barata, com orçamento de US$ 50 mil. Inicialmente, o projeto vai ter dois anos de duração –em 1995, será feito outro filme com mais cinco obras de outros países da Comunidade Européia.
Farina trabalha desde 1961 em publicidade. Até hoje só fez dois longas-metragens: "Hanno Cambiato Faccia", que ganhou o prêmio de melhor filme no Festival de Locarno em 1971, e "Babayaga", adaptação de "Valentina", a heroína dos quadrinhos de Guido Crepax.

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