São Paulo, terça-feira, 20 de dezembro de 1994
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Governo italiano está perto do fim

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O gabinete italiano enfrenta nesta semana três moções de desconfiança. Uma delas foi apresentada pela Liga Norte, partido que integra a coalizão de governo.
"Eles querem cancelar o resultado das eleições e roubar a soberania do povo", disse o primeiro-ministro Silvio Berlusconi durante manifestação de seu partido Força Itália, em Milão.
Berlusconi convocou outra manifestação de apoio em Roma para hoje, quando ele pretende ir ao Parlamento fazer um balanço de sua gestão iniciada em maio.
Quatro dos cinco ministros da Liga já apresentaram sua intenção de deixar seus cargos ao líder do partido Umberto Bossi.
O ministro do Interior, Roberto Maroni, disse que não se demite nem vota contra o governo.
Gianfranco Fini, líder da Aliança Nacional (neofascistas), terceiro grande integrante do governo, disse que "dificilmente o gabinete chega até o Natal".
A perspectiva de crise provocou queda da moeda italiana. O marco alemão foi cotado a 1.048 liras.
Duas das moções foram apresentadas à Câmara. Uma é da Liga Norte e do Partido Popular (PP, ex-democrata-cristão).
Outra é do Partido Democrático de Esquerda (PDS, ex-comunista). Ambas devem ser votadas na quarta ou na quinta-feira.
A terceira foi submetida ao Senado pela Refundação Comunista.
Liga, PP e PDS pretendem formar um governo que substitua o de Berlusconi. A Refundação defende novas eleições.
É necessária maioria absoluta das 630 cadeiras da Câmara e das 315 vagas eleitas do Senado para derrubar o governo.
A Liga, o Partido Popular, O PDS e a Refundação têm, juntos 362 votos na Câmara.
O vice-líder da Liga no Senado, Marcello Staglieno, afirma que 60 dos 103 deputados do partido não votarão contra o governo, além de 24 dos 58 senadores da Liga.
As moções se seguiram à aprovação do projeto de Orçamento no Senado. Como ele sofreu modificações, deve voltar à Câmara. Deverá ser aprovado antes da votação das moções de desconfiança.
A Liga Norte prometia apoiar Berlusconi apenas até que o Orçamento fosse aprovado.
Bossi acusa o premiê de trair compromissos de governo. A Liga (federalista) defende mudanças constitucionais que dêem maior autonomia e poder para as regiões.
"A Itália não votou em Berlusconi mas em um programa que Berlusconi traiu", disse Bossi.
O ministro da Defesa, Cesare Previtti(Defesa) saiu em defesa do premiê. "O senhor Bossi está perfeitamente capacitado para destruir esta coalizão mas não está capacitado para substituí-la sem consultar a população".

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