São Paulo, terça-feira, 20 de dezembro de 1994
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Guerrilha declara fim da trégua no México

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os guerrilheiros do EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional) declararam terminada a trégua acertada com o governo mexicano em janeiro e romperam o cerco imposto por tropas federais no Estado de Chiapas.
O subcomandante Marcos, líder da guerrilha, anunciou que unidades do EZLN se infiltraram em 38 dos 110 municípios do Estado, no sul do país. Ele rejeitou a última oferta de diálogo feita pelo presidente Ernesto Zedillo.
O governo mexicano confirmou que homens armados bloquearam oito estradas da região e ocuparam pelo menos uma cidade. Nenhum incidente violento foi registrado.
Segundo um porta-voz, 600 pessoas participaram do bloqueio das estradas e 120 homens mascarados, 20 deles armados, ocuparam o centro da cidade de Simojovel, 50 km ao norte de San Cristóbal de las Casas.
Eles distribuíram panfletos afirmando que seu objetivo é "constituir municípios livres e rebeldes" e que não vão permitir a retomada da cidade pelas "tropas repressivas do mau governo".
Segundo o governador de Chiapas, Eduardo Robledo, foram bloqueadas as estradas entre San Cristóbal e Tuxla Gutiérrez, a capital, e entre Ocosingo e Palenque, além de outras seis menos importantes.
"Bem-vindos ao território zapatista", diziam cartazes pregados nos bloqueios das rodovias, erguidos com troncos de árvores.
Falando a jornalistas na selva de Guadalupe Tepeyac, onde o EZLN tem seu quartel-general, o subcomandante Marcos rejeitou a proposta governamental de formar uma comissão multipartidária para negociar com a guerrilha.
Ele impôs três condições para uma "trégua estável": a renúncia do governador Robledo, o reconhecimento de um "governo de transição rebelde" e negociações por intermédio do bispo de San Cristóbal, Samuel Ruiz.

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