São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 1994
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Traficantes desafiam operação militar no Rio

FERNANDA DE ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Uma festa de aniversário para um traficante, uma delegacia invadida, duas horas de tiroteio numa favela de Copacabana (zona sul) e uma rua fechada com quebra-molas para impedir a ação policial.
Esse é o saldo da atuação do comando organizado do tráfico no Rio, nos últimos cinco dias. Os traficantes desafiaram o Exército e voltaram a assustar a população.
Na madrugada de ontem, traficantes rivais voltaram a trocar tiros em uma favela na ladeira dos Tabajaras, tradicional ponto de venda de drogas em Copacabana.
O delegado Eduardo Batista disse que a delegacia de Copacabana recebeu telefonema anônimo denunciando o tiroteio, mas que policiais não foram ao local porque não tiveram comunicação da PM.
Segundo Batista, o chefe do tráfico na favela, Jorge Tenório, está preso. Grupos rivais disputam o controle da ladeira dos Tabajaras.
No domingo, homens encapuzados invadiram a delegacia de Piedade (zona norte) para resgatar presos. Duas pessoas morreram.
Sábado à noite, o traficante Nei Maluco –chefe do tráfico na favela Vila Cruzeiro, na Penha (zona norte)– ofereceu uma festa de aniversário para 300 amigos, com muitos fogos de artifício.
Um policial da 27ª DP (em Vicente de Carvalho, zona norte) disse que uma equipe da delegacia teve que entrar na favela para "acabar com a festa".
A delegacia não tem registro oficial da festa de aniversário do traficante nem da ação policial.
Na rua Piracambu, em Acari (zona norte), os traficantes colocaram quebra-molas de cimento com 30 cm de altura, para impedir a passagem de carros da polícia e de veículos blindados do Exército.
O delegado Maurílio Moreira, da DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes), disse que a polícia já destruiu os quebra-molas uma vez e que agora eles foram reerguidos pelos traficantes.
"O aumento na ousadia dos traficantes era de certo modo esperado. Tenho medo de que venham com mais força ainda", afirmou.
Moreira disse que a polícia precisa de mais armas e homens para enfrentar o tráfico, quando acabar o convênio com o Exército.
(Fernanda da Escóssia

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