São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Hospital sem médicos ganha uma ala nova

DANIELA FALCÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

O pronto-socorro do Hospital Tide Setúbal, em São Miguel Paulista (zona leste de São Paulo), será inaugurado hoje, apesar de não haver médicos para trabalhar no local.
A prefeitura não consegue contratar médicos por causa dos baixos salários oferecidos. O piso hoje é de R$ 609,38.
Existem cerca de 2.000 vagas na rede municipal de saúde que não são preenchidas por causa dos baixos salários.
Em setembro, a prefeitura abriu concurso para a contratação imediata de 700 médicos. Só 690 compareceram aos exames de seleção. Dos 200 aprovados, apenas 40 aceitaram trabalhar.
O secretário municipal da Saúde, Silvano Raia, admitiu que os baixos salários dificultam as contratações e que o pronto-socorro do Tide Setúbal será inaugurado sem condições de funcionar.
"Só vai dar para resolver o problema do déficit de médicos quando o prefeito sancionar a lei que dá aumento à categoria", disse Raia.
O aumento para os médicos será de 70% e o piso passará para cerca de R$ 1.000. Demais funcionários recebem aumento de 40%.
O secretário disse que espera que a lei seja sancionada até o fim da semana.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos, Tito César Nery, 39, a inauguração do pronto-socorro é uma "jogada de marketing" da prefeitura.
"Um pronto-socorro sem médicos é igual a um carro sem motor: não funciona. Inauguração assim é armação", disse Nery.
Segundo Nery, a demora na aprovação da lei é "injustificável", já que o aumento representa apenas 5% do orçamento de saúde do município.
Leitos
As obras de reforma do Tide Setúbal duraram dois anos. Foram gastos cerca de R$ 5 milhões. Até ontem, 50 dos 229 leitos do hospital estavam desativados.
Com a inauguração do pronto-socorro, o Tide ganha 39 leitos. Também foram ampliados o banco de sangue, laboratório e serviço de raios X.
Convênio
A Secretaria Municipal da Saúde e a USP estão desenvolvendo em conjunto um programa de reciclagem profissional para médicos e auxiliares das áreas de clínica médica, odontologia, saúde da mulher e traumatologia.
Professores da Faculdade de Medicina da USP vão coordenar os cursos de reciclagem.
Até agora, a secretaria já conseguiu liberar verba de R$ 4,2 milhões para os programas, que atingirão pelo menos 6.000 médicos da rede municipal.

Texto Anterior: Denúncias têm mais de 1 ano
Próximo Texto: Malhador se exercita de madrugada
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.