São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 1994
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Berlusconi pede voto de confiança

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, pretende propor um voto de confiança em seu governo antes que seus opositores votem três moções de desconfiança já apresentadas ao Parlamento.
Segundo o ministro para Relações com o Parlamento, Giuliano Ferrara, Berlusconi usaria a sessão parlamentar de hoje, em que deve apresentar um balanço de sua gestão, para propor o voto.
O premiê pretende, se perder a votação –resultado mais provável, já que a Liga Norte, que integra o governo, vai votar contra ele–, renunciar e pedir para o presidente Oscar Scalfaro a convocação de novas eleições.
As eleições teriam que ser realizadas em 60 dias, período no qual Berlusconi pretende continuar à frente do governo. A decisão, no entanto, cabe ao presidente.
"Amanhã o governo renuncia e tem início uma longa campanha eleitoral", disse o vice-premiê Giuseppe Tatarella, da neofascista Aliança Nacional, aparentemente antecipando a derrota na Câmara.
As moções de desconfiança foram apresentadas por partidos de oposição e pela Liga Norte, que participa do governo. Com exceção da Refundação Comunista, que apresentou sua moção ao Senado, os demais partidos querem formar um gabinete de governo sem convocar novas eleições.
Ontem, a Câmara dos Deputados aprovou a versão final do Orçamento de 95. Berlusconi foi eleito prometendo reduzir drasticamente o déficit público. O Orçamento aprovado no entanto é bem menos radical nos cortes de gastos do que a versão original proposta.
Espera-se que o déficit do governo em 95 fique em US$ 90 bilhões. O projeto inicial era reduzi-lo a US$ 48 milhões.
Berlusconi teve que fazer concessões aos sindicatos principalmente quanto a cortes na aposentadoria para aprovar o orçamento.
A Liga Norte havia prometido fidelidade ao governo só até a aprovação do Orçamento. O líder da Liga, Umberto Bossi, acusa Berlusconi de trair seu programa. A Liga defende reformas que aumentem a autonomia das regiões.
As concessões no projeto de Orçamento foram negociadas no período de maior crise do governo, quando Berlusconi foi notificado pela Justiça de que era investigado em um caso de suborno pela Operação Mãos Limpas (investigação de corrupção que mudou o panorama político da Itália).
Sua empresa Fininvest é acusada de pagar propina a agentes do fisco. Paolo, irmão do premiê, confessou ter pago os fiscais em nome da firma, mas alega ter sido vítima de extorsão.
O ex-ministro da Saúde Francesco De Lorenzo deixou a prisão de Pogio Reale em Nápoles por problemas de saúde.

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