São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 1994 |
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Bósnia tem cessar-fogo a partir de sexta-feira
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Carter, 70, obteve ontem a adesão do presidente da Bósnia, Alija Izetbegovic, e dos líderes dos sérvios na Bósnia, Radovan Karadzic, a este cronograma. Ele está negociando a paz em missão particular na tentativa de encerrar 32 meses de conflito. O otimismo de Carter continua sendo recebido com cautela pelos governos dos Estados Unidos, da Bósnia-Herezegóvina e dos países da Europa Ocidental e pela Organização das Nações Unidas. Mas todos admitiam que Jimmy Carter ontem obteve alguns concessões importantes dos dois lados na construção de um acordo real de paz para a região. Os bósnios aceitaram um cessar-fogo em todo o país, condição que rejeitavam por achar que ela congelaria o controle de 70% da Bósnia-Herzegóvina pelos sérvios. Os sérvios da Bósnia concordaram que a proposta de paz das grandes potências (EUA, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha) seja a base das conversações. A proposta limita os sérvios a 49% da Bósnia-Herzegóvina. Os outros 51% do território ficarão com uma confederação de bósnios e croatas, que concordaram com a fórmula em julho. Carter, que passou o dia viajando de Sarajevo a Pale, o quartel-general de Karadzic, a 15 km da capital bósnia, seguiu ontem para Zagreb, capital da Croácia, e Belgrado, capital da Sérvia, para obter apoio desses governos. A Croácia e a Sérvia estão de acordo com a proposta das potências. O presidente sérvio, Slobodan Milosevic, rompeu com Karadzic por isso. Ontem, pela primeira vez desde meados de novembro, aviões da ONU puderam aterrissar no aeroporto de Sarajevo com ajuda humanitária para a população da cidade, que está sitiada por tropas sérvias. O entendimento de Carter com sérvios e bósnios inclui a reabertura do aeroporto de Sarajevo, troca de prisioneiros, fim de ataques dos sérvios contra comboios humanitários da ONU e também respeito aos direitos humanos. Líderes militares sérvios e bósnios têm encontro marcado no aeroporto de Sarajevo na sexta-feira à tarde para discutirem com Carter "a total cessação de hostilidades", nos termos do ex-presidente. Quando ela ocorrer, de acordo com Carter, a paz será fiscalizada por tropas da ONU. Para isso, será necessário aumentar os efetivos militares da organização na Bósnia-Herzegóvina. Texto Anterior: Bobbit vem ao Brasil em janeiro para lançamento de vídeo pornô Próximo Texto: Bihac sofre novo ataque Índice |
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