São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 1994
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Uma sombra sobre o rosa

Os relatórios ontem divulgados pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina) traçam um panorama favorável tanto para a economia do mundo industrializado como para a da América Latina e do Caribe.
Mas há em ambos a mesma sombra: o problema do desemprego é sério e assim continuará pelo menos até o final do século.
No lado cor-de-rosa da economia, há a perspectiva de crescimento continuado até o ano 2000. Diferem apenas os ciclos em cada região do mundo desenvolvido.
Nos próximos dois anos, o ritmo de expansão deve desacelerar-se um pouco nos EUA, mas tende a ganhar mais força nos membros europeus da OCDE e no Japão.
Tais perspectivas constituem boas novas para o Brasil, cada vez mais interligado ao mundo e, portanto, também beneficiário do crescimento alheio.
Mas o desemprego permanecerá elevado. A OCDE informa que, os dois anos de crescimento até 96 só reduzirão o desemprego nos seus membros em 0,5 ponto percentual.
Na América Latina, o relatório da Cepal adverte: "A criação de emprego produtivo continuou sendo insuficiente na maior parte da região". A comissão diz, ainda, que crescimento inferior a 4% ao ano "não basta na América Latina e no Caribe para tornar possíveis avanços significativos na batalha contra a pobreza nem para evitar que o desemprego e o subemprego alcancem níveis inaceitáveis".
Ambos os relatórios reiteram que o grande desafio da economia contemporânea é exatamente o do emprego. A inflação está sendo controlada na América Latina, segundo a Cepal, e não deve inquietar o Primeiro Mundo até o novo século.
Já o comércio mundial cresceu e vai crescer mais ainda com a adoção progressiva das decisões da Rodada Uruguai do Gatt.
Todos esses aspectos positivos, porém, esbarram na questão do emprego, que já é estrutural. Mesmo economias sadias mostram-se incapazes de prover postos de trabalho em quantidade suficiente para as necessidades da população.
O grande problema é que muito mais fácil diagnosticar o mal do que curá-lo. Eis o desafio.

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