São Paulo, quinta-feira, 22 de dezembro de 1994
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Aviões russos voltam a atacar Grozni

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Aviões russos voltaram a bombardear na noite de ontem Grozni, a capital da República da Tchetchênia. O ataque ocorreu às 23h35 (18h35 de brasília).
O mesmo havia ocorrido na noite de terça. Os canhões antiaéreos tchetchenos não haviam respondido por falta de munição, informou um funcionário tchetcheno. Disparamos contra os aviões com o que tínhamos nas mãos.
A Tchetchênia é uma república autônoma que se declarou independente da Rússia em 1991. A Rússia não aceita a independência, e desde o dia 11 de dezembro mantém soldados na região para tentar sufocar os separatistas.
Pelo menos 40 civis morreram ontem, informou a agência Tass. A Rússia acusa franco-atiradores tchetchenos.
Um hotel em Grozni será alvo de bombardeios, informou Moscou. O hotel estaria servindo de base para mercenários e se transformou em objetivo prioritário.
No hotel estão vários jornalistas, a quem Moscou pediu que se retirassem até às 0h de hoje.
A Rússia informou que parte de suas fileiras já estão em Grozni. Apesar dos avanços, os russos reconhecem que os tchetchenos estão oferecendo tenaz resistência, mesmo em inferioridade militar.
Muitos voluntários tchetchenos estão indo em direção a Grozni. No caminho, cruzam com tchetchenos que estão fugindo da cidade com medo da guerra.
Os tchetchenos estão cavando trincheiras em Grozni, se preparando para uma eventual invasão da cidade. Pequei minhas roupas quentes, comprei um kalachnikov (arma) e ficarei aqui, disse Akhmed, um resistente tchetcheno. Nossos ancestrais combateram os russos por 300 anos.
Há um mercado de armas no centro de Grozni. Uma kalachnikov custava US$ 300 a alguns meses, mas agora os preços subiram.
A Rússia anunciou que os tchetchenos mataram 11 soldados russos, feriram outros sete, e cinco estão desaparecidos. O chefe do Estado-Maior russo, general Leonid Zolotov, anunciou o envio de um corpo de elite do Exército.
Os ataques continuarão pelo tempo necessário, disse o chanceler russo, Andrei Kozirev.
O presidente russo, Boris Ieltsin, disse ontem que não fará deportações de tchetchenos, em resposta a rumores de que a Rússia iria realizar deslocamentos do povo da Tchetchênia.
O ex-dirigente soviético, Josef Stálin, que ontem faria 115 anos, deportou centenas de milhares de tchetchenos em 1944 para puní-los por suposto colaboracionismo com nazistas.
O partido Rússia Democrática, que apoia Ieltsin, decidiu ontem passar à oposição devido à guerra.
O presidente tchetcheno, Djokhar Dudaiev, lançou ontem um apelo à comunidade internacional para que pressione a Rússia pela retirada do Exército.
Três pessoas ficaram feridas na noite de terça na explosão de uma bomba na periferia de Moscou. A polícia continua investigando, mas desconfia-se de uma ação terrorista por parte de tchetchenos.

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