São Paulo, sábado, 24 de dezembro de 1994
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Stephanes planeja mudar aposentadoria

JOEL SAMPAIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O novo ministro da Previdência, deputado federal Reinhold Stephanes (PFL-PR), volta à pasta que ocupou em 1992, durante o governo Fernando Collor.
Stephanes considera a reforma estrutural da Previdência o seu principal desafio. Ele defende a adoção da idade mínima para concessão de aposentadoria.
Apesar de defender uma idade mínima para a aposentadoria, o próprio Stephanes se aposentou em 1985 com apenas 46 anos.
O novo ministro diz que sua proposta de reforma previdenciária vai se basear no projeto preparado para a revisão constitucional pelo ex-ministro Antonio Britto e pelo atual, Sérgio Cutolo.
A seguir, trechos da entrevista dada por Stephanes por telefone, de Brasília, à Agência Folha:
Agência Folha - Qual o principal desafio que o senhor vai encontrar na Previdência?
Reinhold Stephanes - O principal desafio é a reforma estrutural, com dois objetivos fundamentais. O primeiro é o de criar um sistema que dê segurança aos atuais e futuros aposentados e o segundo é que seja socialmente justo. Além disto, temos de continuar o processo de melhoria na administração do sistema. Isto significa tentar arrecadar melhor e, portanto, arrecadar mais, diminuir custos operacionais, reduzir a quase zero as fraudes e erros, que ainda têm dimensão preocupante, e melhorar a qualidade dos serviços.
Agência Folha - É possível desatar o nó que liga o valor do salário mínimo ao sistema previdenciário, já que a Previdência é apontada como impedimento a aumentos no salário mínimo?
Stephanes - Isto é uma opção política. É possível tecnicamente. É possível, mas não estou usando a palavra recomendável. Você pode ter outros caminhos, cortando em outros lados.
Agência Folha - O senhor considera indispensável a adoção da idade mínima para aposentadoria em substituição ao sistema por tempo de serviço?
Stephanes - Sim, como conceito universal. Não existe nenhum país do mundo que adote como princípio básico o tempo de serviço. Só o Brasil, sem qualquer justificativa técnica ou atuarial.
Agência Folha - E qual seria a idade mínima recomendável?
Stephanes - Existem estudos atuariais cujos números variam na faixa de 58 a 60 anos. Mas com base nestes estudos as decisões serão tomadas politicamente, com a participação da sociedade.
Agência Folha - Sua defesa da idade mínima foi questionada por adversários da tese, que apontaram o fato de o senhor ter se aposentado aos 46 anos.
Stephanes - A discussão colocada nesta área é medíocre. Não fugi da regra aplicada para milhões de pessoas. Além disso, dois anos antes de me aposentar, publiquei um livro defendendo a tese da idade mínima. Quanto à minha decisão, saí porque precisava sair na época, mas isto não tem nada a ver com o ponto central da discussão em torno de um sistema viável.

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