São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 1994
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Sem Tom

Não foi um final feliz. O mês de dezembro reservou para os brasileiros uma última grande perda: no dia 8, em Nova York, morreu Tom Jobim, aos 67 anos. Carioca, inventor da bossa nova, autor de canções mundialmente conhecidas, o maior compositor brasileiro.
A notícia gerou consternação, mas não histeria: o país que recebeu a morte do maestro já não era o mesmo que viu Senna chocar-se contra o muro de Imola e mergulhou em depressão. Com a auto-estima retocada pela vitória na Copa e uma nova moeda, o Brasil fez da morte de Tom um momento de reencontro consigo mesmo.
"Foi-se o mestre, ficam as lições", resumiu Gilberto Gil. Lições, que sob a forma de música, voltaram a ser a trilha sonora do país. Nunca se ouviram tantas canções de qualidade no rádio e TV.
Numa das últimas fotos tiradas em vida, Tom olhava vitrines numa rua de Nova York. Uma imagem de calma e serenidade. Chico Buarque dizia que queria ser igual a ele –não gostava de "canções desesperadas". Quando Tom tocava um acorde, dizia, era como se abrissem uma janela. Quando sentava no piano, era como se tivesse estado sempre ali.
Em Ipanema, a avenida Vieira Souto, na orla, transformou-se em Antonio Carlos Jobim, que faz esquina com a rua Vinicius de Moraes –o maior parceiro. Mais do que na homenagem, Tom permanecerá em suas músicas. "Escrevi umas 300 canções, tá bom né?" –falou à Revista da Folha, em entrevista que seria publicada domingo passado. Como disse Gil, "comparada ao tamanho de sua obra, a morte de Jobim não é nada".

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