São Paulo, quarta-feira, 28 de dezembro de 1994
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Eleito quer no governo um 'Pelé da área social'

GABRIELA WOLTHERS
DANIEL BRAMATTI

GABRIELA WOLTHERS; DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, procura "um Pelé da área social" para ocupar o posto de presidente do Conselho da Comunidade Solidária.
A expressão é utilizada pelo próprio FHC em conversas reservadas com assessores.
O objetivo do presidente eleito é causar o mesmo impacto obtido com a nomeação do ex-jogador de futebol Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, para o Ministério Extraordinário do Esporte.
Já está definido que a economista Ana Maria Peliano será a secretária-executiva do conselho.
Ela é chefe de políticas sociais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), fundação vinculada à Secretaria do Planejamento, e auxilia FHC desde o início do governo de transição.
A economista terá uma função "executora" dentro do conselho. Ela estará em contato permanente com os ministérios da área social para que as ações do governo estejam em sintonia com as formulações do conselho.
Cotados
Segundo seus assessores, FHC cogitou convidar o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho –coordenador da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida–, para presidir o Conselho da Comunidade Solidária.
O presidente eleito, no entanto, foi informado de que sua saúde debilitada o impedia de assumir a função. Hemofílico, Betinho contraiu o vírus da Aids em uma transfusão de sangue.
Outro nome que aparece nas "cotações" para o cargo é o do presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Luciano Mendes de Almeida.
Mas, segundo informações dos assessores, FHC preferiria um nome não ligado à Igreja. Além disso, d. Luciano já teria uma agenda muito carregada com suas tarefas na CNBB.
O tucano quer um nome que esteja disponível em tempo integral para as funções no conselho.
Projetos sociais
O Conselho da Comunidade Solidária será subordinado diretamente à Presidência da República.
Ana Maria Peliano afirmou ontem à Folha que o governo terá cinco projetos prioritários na área social.
O Programa Comunidade Solidária, documento elaborado pela equipe de transição e que está sendo estudado por FHC, prevê ações nas áreas de geração de emprego e renda, desenvolvimento rural, alimentação, habitação e saneamento e direitos da criança e do adolescente.
Segundo Peliano, "ministérios setoriais" ficariam responsáveis pelo condução dos projetos.
O Ministério do Trabalho, por exemplo, ficaria com a coordenação dos programas de geração de emprego e renda –hoje a cargo do Ministério do Bem Estar Social, que será extinto.
Os programas de alimentação e desenvolvimento rural ficariam sob a responsabilidade do Ministério da Agricultura.
O Ministério do Planejamento coordenaria os projetos de habitação e saneamento; e o Ministério da Justiça encamparia os relativos à infância e adolescência.

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