São Paulo, quarta-feira, 28 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo revê dívidas de produtores de cacau

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo aprovou uma resolução permitindo a renegociação das dívidas dos cacauicultores baianos, medida cobrada pelo senador eleito Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA).
A resolução foi aprovada na reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional) na quarta-feira da semana passada, mas não foi divulgada no dia junto com as demais decisões do Conselho.
Somente ontem a medida –que dá liberdade ao Banco do Brasil para renegociar R$ 70 milhões das dívidas dos produtores de cacau sem limites de prazos ou juros mínimos– foi publicada pelo "Diário Oficial" da União.
ACM vinha pressionando o governo pela renegociação das dívidas dos cacauicultores, pela concessão de um empréstimo de R$ 140 milhões sem correção monetária e por uma política de recuperação do setor.
Segundo a Folha noticiou no mês passado, ACM utilizava como trunfos seu apoio à candidatura do presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, e suas boas relações com o ministro Ciro Gomes (Fazenda).
Na sexta-feira, Ciro anunciou em Salvador a renegociação das dívidas dos cacauicultores sem mencionar a decisão do CMN.
Na ocasião, Ciro disse que os demais pleitos dos produtores de cacau baianos estavam em estudo pelo governo.
Os cacauicultores fazem parte das bases políticas de ACM. O governador eleito da Bahia, Paulo Souto (PFL), apoiado pelo senador eleito, é produtor de cacau.
As renegociações de dívidas de produtores nordestinos são polêmicas no governo desde que os usineiros alagoanos receberam tratamento privilegiado do BB no governo Collor.
A área técnica da Fazenda já se posicionou contrariamente à concessão do empréstimo subsidiado reivindicado por ACM. O argumento principal é de que as condições propostas ferem as normas do crédito rural.
ACM quer que o empréstimo de R$ 140 milhões não tenha correção pela TR (Taxa Referencial), seja a juros de 6% ao ano e com carência de quatro anos. São condições oferecidas apenas a microprodutores da cesta básica.
A renegociação das dívidas, permitida pela resolução 2.135 do CMN, será feita caso a caso, e não sob condições únicas, como queriam os cacauicultores.
O BB ainda não começou a renegociar as dívidas, o que só deverá ser feito no próximo governo. A resolução determina que os produtores devem procurar o banco até o final de março próximo.

Texto Anterior: Collor mantém estilo milionário em Aspen
Próximo Texto: FHC será consultado sobre abono ao mínimo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.