São Paulo, quarta-feira, 28 de dezembro de 1994 |
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Itamar oscila entre Portugal e embaixada junto à OEA
JOSIAS DE SOUZA
Fernando Henrique Cardoso foi amável: "Você vai para onde quiser, Itamar. Você fará o que quiser.". O diálogo de Itamar com seu sucessor ocorreu anteontem à noite, no Palácio do Planalto. Foi testemunhado por José Aparecido, exonerado ontem do posto de embaixador em Lisboa. O futuro de Itamar oscila entre o conselho dos amigos e a vontade da namorada, June Drumonnd. Lisboa é uma quase unanimidade entre os amigos. Excetuando-se Maurício Corrêa, que o aconselha a permanecer no Brasil, todos os demais querem que Itamar vá para a embaixada em Portugal. Mas June Drumonnd tem adoração pelos Estados Unidos, onde já viveu. Na OEA, organização em que espanhol e português são línguas correntes, o inglês não faria tanta falta ao monoglota Itamar. As pessoas mais íntimas apostam que Itamar optará por Portugal. Mas a decisão só deve ser anunciada na próxima semana. "Não fica bem eu tratar desse assunto enquanto for presidente", disse Itamar. "Depois que passar a faixa vejo isso". Itamar receberá semana que vem a visita do presidente português Mario Soares. Convidado para a posse de FHC, ele permanecerá no Brasil até 8 de janeiro. Apelando para o humor, Aparecido tenta apressar a decisão de Itamar. "Há uma série de providências que precisam ser tomadas, Itamar", disse-lhe, na conversa a três anteontem no Planalto. "Logo serei vaiado na rua", disse Aparecido, entre risos. "Vão pensar que você não vai para Lisboa por minha causa. E, com a sua popularidade de 88%, vão me xingar nas ruas. Dirão: desocupa o lugar, velho". A exoneração de Aparecido foi enviada ontem à Imprensa Nacional. Deve estar publicada na edição de hoje do "Diário Oficial". Conselho da República Itamar dá posse hoje a quatro novos membros do Conselho da República. São eles o empresário Emerson Kapaz e o ex-ministro do Tribunal de Contas da União, Luciano Brandão, como titulares; o advogado Modesto Carvalhosa e o ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça, Evandro Leite. Os quatro eram membros da CEI (Comissão Especial de Investigação), extinta anteontem. Eles integram a chamada "cota da sociedade civil" no conselho, que é integrado por 11 pessoas. Texto Anterior: Fim de governo Próximo Texto: Ministros dividem gasto com festa Índice |
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