São Paulo, quarta-feira, 28 de dezembro de 1994
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Política local afasta verbas para o tênis sul-americano

MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Federação Internacional de Tênis (ITF) excluiu os países da América do Sul de seu rol de prioridades na distribuição das verbas do fundo de auxílio aos tenistas de países pobres.
Segundo o presidente da ITF, o australiano Brian Tobin, a política interna da Federação Sul-americana de Tênis e das confederações a ela afiliadas impede um trabalho a longo prazo nestes países.
"Os diversos grupos políticos destas entidades se alternam no poder e, assim, fica difícil dar continuidade a um trabalho", disse Tobin à Folha durante a Grand Slam Cup –de 6 a 11 de dezembro, em Munique.
O dirigente esteve na Alemanha para receber da Compaq, fabricante de computadores e principal patrocinadora da Grand Slam Cup, US$ 2 milhões como doação ao fundo de assistência.
O "Fundo Grand Slam de Desenvolvimento" (GSDF) sustenta programas de incentivo à prática do tênis em países pobres.
Criado no começo dos anos 70, ganhou importância a partir de 1986. Na época, as doações de patrocinadores de torneios do Grand Slam somavam US$ 500 mil.
Segundo Tobin, a arrecadação de 1994 chegou aos US$ 4 milhões, incluindo os US$ 2 milhões da Grand Slam Cup.
Esta doação faz parte de um compromisso entre a Compaq e a ITF, que gerencia o fundo.
Para ter seu nome somado ao do torneio alemão, a empresa concordou em doar, anualmente, US$ 2 milhões ao GSDF, desde 1990.
Além de difundir o tênis em países pobres, o fundo auxilia seus pupilos mais promissores a conseguirem bolsas de estudos em universidades nos EUA.
Fornece, ainda, treinadores para que os tenistas possam competir em torneios satélites, primeiro passo para ingressar no circuito profissional.
Os países privilegiados pelo fundo são os africanos, asiáticos e do Leste europeu, conforme informou Tobin.
Este grupo de países recebeu, em 1993, cerca de 67% das verbas do GSDF, enquanto que todo o continente americano ficou com 28,9% do montante.
O presidente da Confederação Brasileira de Tênis, Nelson Nastas, concorda que as turbulências políticas da Confederação Sul-americana em 94 "soaram mal" junto à ITF.
Em agosto, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai impediram a eleição do equatoriano Danilo Carrera para a presidência da Confederação.
A situação só se resolveu este mês, com a condução do boliviano Vicente Calderón, candidato de consenso, ao cargo.
"Agora, precisamos de tempo para mostrar à ITF que a Confederação Sul-americana está unida", disse Nastas.

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