São Paulo, quinta-feira, 29 de dezembro de 1994
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Importar pelo correio fica mais caro

CARLOS ALBERTO SARDENBERG; ROBERTO MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O sistema de importações pelo correio será totalmente modificado em janeiro próximo. Os impostos passarão a ser iguais aos cobrados nas importações normais. Assim, as importações pelo correio ficarão mais caras.
As importações já encomendadas serão concluídas pelo sistema atual, sem prejuízos para os compradores.
Para a equipe econômica, a forte redução de impostos na importação via correio cumpriu a função de combater preços abusivos neste momento de vendas aquecidas.
Suspenso em janeiro, o sistema ficará como ameaça. Se houver pressão de preços abusivos, o governo pode voltar a baratear as importações pelo correio.
No sistema atual, os impostos nas importações pelo correio são cobrados conforme o valor da mercadoria. As compras até US$ 50 são isentas, até US$ 100 pagam 10% e assim por diante.
No novo sistema, o imposto se cobra conforme o tipo de produto. A regra passará a valer também para as importações pelo correio.
No mais, o governo manterá a política de abertura às importações. Membros da equipe econômica continuam convencidos de que a indústria brasileira tem toda condição de se ajustar para competir internacionalmente.
Permanece dominante na equipe a avaliação segundo a qual a abertura elimina a competitividade de algumas indústrias em particular, mas não a do conjunto.
Segundo essa avaliação, são os empresários ligados a essas indústrias atrasadas que fazem barulho contra as importações e o câmbio.
As empresas brasileiras que operam com importações via catálogos criticaram a decisão do governo de taxar em 40% os produtos que custem acima de US$ 50.
Pio Borges, presidente da Associação Brasileira de Marketing Direto, que reúne as maiores empresas de importação por catálogos, afirmou que a medida "prejudica muito" o consumidor. Segundo ele, o limite de US$ 100 não provoca inflação, não afeta a indústria nacional e favorece o comprador.
"Se o governo mantivesse o limite anterior desmantelaria a rede clandestina de contrabando que é extremamente prejudicial à sociedade", afirmou Borges.
Para Luís Carlos Coelho da Cruz, gerente da Somexx do Brasil, a medida vai reativar a prática do contrabando. "Somente os muambeiros do Paraguai serão favorecidos", afirmou. Para José Cláudio Padilha, da Albela Importações, sediada no Rio de Janeiro, "o governo se preocupou mais com a Fiesp do que com o consumidor".

Colaborou ROBERTO MACHADO, da Reportagem Local

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