São Paulo, sábado, 31 de dezembro de 1994 |
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Banco Central intervém no Banespa e no Banerj
GUSTAVO PATÚ; ALBERTO FERNANDES
O BC também liquidou o Banco de Desenvolvimento do Rio Grande do Norte. O ato que determinou o regime de administração temporária foi assinado na noite de anteontem, após Banespa e Banerj, em crise aguda desde o lançamento do real, terem se mostrado incapazes de tomar novos empréstimos de socorro junto ao BC. O Banespa precisava de aproximadamente R$ 6 bilhões para seu caixa, mas só pôde oferecer R$ 4,2 bilhões em garantias. O banco conseguiu mais cerca de R$ 800 milhões no mercado e ficou com deficiência de R$ 1 bilhão. No Banerj, a necessidade de caixa era de R$ 515 milhões. O banco, entretanto, só possuía R$ 400 milhões em garantias. A situação financeira dos dois bancos se mostrou grave o suficiente para que fossem liquidados. Isso só não ocorreu porque, dado o porte das instituições e o número de clientes, os efeitos atingiriam todo o mercado. "Em um caso desses, ou é intervenção ou liquidação", disse o ministro da Fazenda, Ciro Gomes. "Agora só tem um jeito: a superprofissionalização dos bancos. Tirar toda a influência política dos bancos, inclusive do governador", defendeu. O BC nomeou conselhos de administração para os dois bancos, formados, na maioria, por funcionários aposentados. Nenhum deles, segundo a Folha apurou, tem vinculação política com os governadores eleitos ou antecessores. O conselho de administração do Banespa deverá ser presidido por Altino da Cunha, aposentado pelo BC e ex-delegado do órgão em São Paulo. Altino era o responsável pela liquidação do Brasbanco, decretada após o Plano Real. Para o Banerj foi nomeado Eduardo da Silveira Gomes Júnior. O regime de administração especial temporária não era decretado para bancos estaduais desde o governo Sarney. Ele dá total autonomia ao BC para gerir os bancos. A previsão é de que a medida dure um ano. Ela só será suspensa se as instituições forem saneadas, federalizadas ou privatizadas. O futuro ministro da Fazenda, Pedro Malan, decidiu iniciar o regime de administração especial dos dois bancos ontem por se tratar de uma data estratégica –feriado bancário e último dia útil dos atuais governos estaduais. A medida já vinha sendo preparada desde o início do mês. Sua adoção agora evitou que a decisão fosse tomada pelo presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, mais à frente, com desgaste maior junto aos governadores eleitos Mário Covas (São Paulo) e Marcello Alencar (Rio). Malan passou o dia de ontem tentando tranquilizar o mercado financeiro e os investidores internacionais e procurou evitar especulações em torno de uma possível reação em cadeia. Texto Anterior: Contrastes Próximo Texto: Bancos reabrem segunda-feira Índice |
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