São Paulo, terça-feira, 1 de fevereiro de 1994
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Empresários querem mais competitividade

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

O reduzido grupo de empresários brasileiros que participa do Fórum Econômico Mundial, na cidadezinha suíça de Davos, volta para o Brasil com a proposta de criação de um Conselho Brasileiro de Competitividade.
A criação do organismo empresarial teria o suporte do Fórum, uma fundação privada que, anualmente, traz a Davos a elite política, empresarial e acadêmica do mundo. Este ano, os cerca de 1.200 participantes (entre eles 30 chefes de governo ou Estado) representam organizações públicas e privadas que movimentam anualmente a formidável pilha de US$ 3 trilhões, mais de seis vezes o tamanho da economia brasileira.
A criação do conselho é uma derivação óbvia da constatação de que o Brasil recebe nota baixa em todos os oito "fatores de competitividade", definidos pelo suíço Stéphane Garelli, do Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Gerência, sediado na cidade de Lausanne.
No ano passado, um estudo comparativo da competitividade de 38 países, 23 ricos e 15 em desenvolvimento, colocou o Brasil no penúltimo lugar, à frente apenas do Paquistão (Japão e EUA são os dois mais competitivos). Mesmo países latino-americanos (Chile, México e Venezuela, pela ordem) superam o Brasil.
Ontem, Garelli reuniu-se em almoço com os empresários brasileiros para discutir a questão da competitividade e a eventual criação do conselho.
Carlos Antônio Rocca, principal executivo do Mappin, fez uma exposição sobre a economia brasileira, na qual o lado sombrio foi o reconhecimento de que ela não atende a pelo menos sete dos oito fatores de competitividade. Só em "gerência", ou seja, a capacidade das empresas serem inovativas, o Brasil teria uma nota razoável, na visão de Rocca.
Mas o economista brasileiro acha que há um lado luminoso: apesar dos problemas, o Brasil continua sendo um grande exportador e está avançando na derrubada de obstáculos à competitividade de sua economia. O nó, sempre segundo Rocca, é político e não econômico: a incapacidade de se gerar uma maioria capaz de executar as reformas sobre as quais há crescente consenso. (Clóvis Rossi)

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