São Paulo, terça-feira, 1 de fevereiro de 1994
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Técnico do Dallas vence Super Bowl no intervalo

SÍLVIO LANCELLOTTI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Como esperavam os especialistas e os apostadores, o Dallas Cowboys arrebatou, na noite do domingo, no Georgia Dome de Atlanta, o título de campeões do 28º Super Bowl do futebol americano. No marcador, ganhou até com facilidade, 30 a 13 em cima do Buffalo Bills. Reprisou o feito de 1993, quando bateu os mesmos Bills por 52 a 17. Sofreu meio tempo, até voltar dos vestiários e dominar o inimigo, desesperado para romper o seu tabu de três derrotas consecutivas no evento.
Orgulhoso, determinado, o elenco dos Bills carregou até Atlanta uma bagagem de táticas particularmente engenhosas. Basicamente, inverteu a sua própria tradição, o estilo arrastão que o levou a dominar a Conferência Americana da modalidade desde 1991. No primeiro tempo do combate, no lugar da potência e o confronto físico, que tanto agradam a defesa dos Cowboys, o time do intelectualizado treinador Marv Levy optou pela insídia e pela leveza. Por exemplo, invertendo os seus wide receivers, os alvos dos passes do quarterback Jim Kelly. Deu certo. A retaguarda do Dallas sumariamente não conseguiu ver a bola. Kelly acertou 19 lançamentos em 26 e Buffalo estabeleceu uma vantagem de 13 a 6.
No intervalo, porém, Jimmy Johnson, o agressivo mister dos Cowboys, rearrumou a sua marcação. Trocou de posição os seus bloqueadores centrais, Tony Casillas e Leon Lett. Na primeira corrida de Thurman Thomas, o principal running back dos Bills, o abusado Lett, enfim ressuscitado, impediu a sua progressão e ainda lhe tomou a pelota. O safety Jamie Washington, líbero de Dallas, recuperou a bola no meio do campo e, preciosamente protegido por vários companheiros, disparou cerca de 50 jardas na direção da meta de Buffalo para um empolgante touch down. O veterano chutador Eddie Murray igualou o placar e, daí, os Bills se desmilinguiram.
Desmoralizado, Thomas não mais retornou ao combate. Kelly ainda tentou recuperar o moral de seus colegas com uma série de bons passes para o recebedor Don Beebe, mas a defesa dos Cowboys já havia se assentado. Eternamente gelado, Troy Aikman, o quarterback de Dallas, desandou a combinar jogadas pelo chão, através do imparável Emmitt Smith, com arremessos perfeitos na direção de Michael Irvin e Alvin Harper. Smith obteve dois touchdowns, Dallas 27 a 13. Uma captura deliciosa de Harper colocou os Cowboys em posição de field goal, chute de Murray, 30 a 13. Paralelamente, a retaguarda de Johnson humilhava o ataque de Levy.
Representante da Conferência Nacional, Dallas levou sua liga a um recorde no Super Bowl –a décima vitória seguida sobre equipes da Conferência Americana. Aliás, desde 1982 a Americana só conseguiu sobrepujar a Nacional uma vez, em 1984, quando o Los Angeles Raiders bateu o Washington Redskins, 38 a 9. E Dallas tem condições de esticar esse primado.
Acontece que a Nacional é mais equilibrada e, por isso mesmo, muito mais forte do que a Americana. Disputassem a temporada regular pela Nacional e os Bills, provavelmente, nem chegariam aos playoffs, que dizer à complexidade do Super Bowl.

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