São Paulo, terça-feira, 1 de fevereiro de 1994
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Família culpou o marido pela morte

DULCE DAMASCENO DE BRITO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Pode parecer futilidade, mas espero que nas atuais homenagens não se esqueçam de que Carmen detestava ver seu nome escrito com um "m" no final. Como bem dizia: "Sou como a Carmen de Bizet. Não queiram modernizar meu nome escrevendo-o com m!" Em 1976, na inauguração do Museu Carmen Miranda no Flamengo, o velho compositor-cantor Almirante escreveu no jornal "O Globo": "É inadmissível que os órgãos culturais brasileiros não saibam escrever o nome de um dos seus patrimônios históricos: na placa de bronze do museu, gravaram Carmem com "m", não com "n" como o correto."
As programações cariocas incluem o lançamento de filmes e livros sobre Carmen. Mas muitos desses biógrafos-improvisados nem eram nascidos quando Carmen morreu, o que não os impede de dar entrevistas falando o que ela pensava (?) e atribuindo sua prematura morte ao marido interesseiro que a obrigava a trabalhar. Tudo "hear-say", ouvido dos remanescentes da família Miranda residentes no Rio, que nunca se conformaram com o fato de o marido americano (e judeu) ter herdado a fortuna da estrela.
Irritada com isso, publiquei em 1986 o livro "O ABC de Carmen Miranda" no qual desmistifiquei o mito com todo o carinho que ela merecia. A família não gostou porque contei a verdade, baseada nos meus diários da época.
Quando cheguei em Hollywood em 1952, Carmen praticamente me "adotou" como a filha que nunca teve e passei a ser sua melhor amiga e confidente até a noite da sua morte em 5 de agosto de 1955.
Durante todos esses quatro anos nenhum membro da família apareceu em Hollywood, embora recebessem no Rio cheques mensais da estrela. Na casa de Beverly Hills só havia a mãe, d. Maria Emilia que era uma mulher simples que nunca compreendeu a extraordinária fama da filha.

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